Na África lusitana, a Língua Portuguesa convive com o mosaico linguístico oriundo das diversas línguas étnicas presentes nessas comunidades, o que ocasiona um intenso contexto multilíngue. Estudos contemporâneos no âmbito da Aquisição da linguagem apontam para o perfil do português como estatuto de L2, em sua maioria, apesar de ser a língua oficial nos cinco países do continente africano. Diante disso, este trabalho objetiva compreender o estatuto do português em Guiné Bissau, partindo do objetivo central de apresentar e refletir sobre a sintaxe de concordância verbal que resultam do contacto do Português L2 com o crioulo guineense, língua materna da população neste país. Para tanto, realizou-se uma breve introdução à formação do crioulo de crioulo guineense, como também a situação sociolinguística atual do país. Dessa maneira, utilizou-se como lentes teóricas os trabalhos de Couto e Embaló (2010), Freire e Guimarães (2011) e Oliveira, Baio e Injaí (2013), que apresentam a situação da língua portuguesa no contexto guineense, bem como sua oficialização, seu confronto com a língua crioula, que tem se expandido cada vez mais, e as línguas nativas, que também convivem em intenso contato no país. A partir da análise de dados de corpus, conclui-se que há propriedades da gramática do crioulo guineense que não são mantidas no Português escrito em Guiné Bissau e traços gramaticais do Português que são conservados no crioulo guineense tendo em vista o continuum linguístico, mas também que há características novas que não pertencem a nenhuma das gramáticas em contato. Portanto, qualquer proposta de análise da sintaxe na aquisição da língua portuguesa nessa variedade africana precisará considerar a questão do contato linguístico presentes nessas sociedades. Além de atentar para aspectos relacionados a identidade linguístico-cultural.