Este estudo se concentra em discutir os traços de agentividade em construções relacionais de fingimento a partir do pareamento forma-significado Suj+VREL(+uma)+Predt] ↔ [estado fingido] (RODRIGUES-PINTO, 2021). Assume-se o quadro teórico-metodológico dos Modelos Baseados no Uso (KEMMER; BARLOW, 2000) em interface com a Gramática de Construções de Goldberg (1995, 2006) associada às contribuições de Bybee (2010), no campo da cognição e uso, e da abordagem construcional proposta por Traugott e Trousdale (2013, 2016). Objetiva-se, de modo geral, analisar construções cujo slot verbal é preenchido pelos predicados pagar e dar, como em Ele deu uma de bonzão; Ele pagou uma de muleque; Ela quer dar de bonita; Ela ia pagar de professora; entre outras, verificando os traços de agentividade presentes na construção nos termos de Fillmore (1968, 1971), Chafe (1970), Halliday (1966, 1967), Gruber (1976), Jackendoff (1972) e Cançado (2018). Acredita-se que tais construções integrem a rede das construções de processo relacional (HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2004), contudo, em posição mais marginal e, portanto, distante do protótipo, pois compartilham a natureza atributiva da construção e se difere por apresentar o papel semântico de agente. Para o levantamento de dados, recorre-se à amostra de ocorrências disponível no Corpus do Português (DAVES & FERREIRA, 2006) com dados sincrônicos dos séculos XX e XXI.