É recente a inclusão de homens como professores na Educação Infantil. Isto porque a educação de crianças pequenas, até o século XX, era pensada a partir de dois fatores políticos-ideológicos: (1) educação infantil como sinônimo de assistencialismo; (2) cuidado como tarefa social de menos prestígio — relacionada, portanto, à mulher-mãe. Estes são, sem dúvidas, alguns dos fatores que fomentam uma política de apagamento dos homens no primeiro segmento da educação básica. Na atualidade, mesmo imperando o binômio cuidar-educar na Educação Infantil, carregado de intencionalidade pedagógica, são poucos os homens que ocupam este espaço como profissionais do ensino. Os poucos homens que atuam neste segmento, no entanto, vivenciam processos de desvelamento social, sobretudo no que tange ao tensionamento da masculinidade hegemônica e da idiossincrasia entre educar/cuidar como um papel feminino. Na vivência direta com o cuidado de crianças, os homens professores de Educação Infantil, tensionam o “ser homem” e constroem uma masculinidade outra, além dos ditames tradicionais do gênero masculinista. Assim, partirmos da Sociolinguística Interacional e da Teoria Queer para analisar um recorte de 3 entrevistas com professores de Educação Infantil visando entender como eles relatam as negociações de suas identidades enquanto homens num ambiente majoritariamente ocupado por mulheres. Por fim, encontramos pistas de contextualização que indicam, em todos os casos, uma negação do lugar de homem enquanto Profissional da Educação Infantil e preconcebidos sobre gênero/sexualidade que norteiam tanto a postura das mulheres pedagogas, como das famílias que, por vezes, desaprovam o lugar do homem nessa profissão e no cuidado para com seus filhos.