Esse trabalho se insere no campo de estudo da Política e Planejamento Linguístico. Trata-se de uma investigação em dois documentos que visam a instrumentalizar uma língua não sexista, funcionando como um mecanismo de política linguística (SHOHAMY, 2006) para a orientação de práticas linguísticas no âmbito da administração pública. Nesse sentido, foram selecionados para análise: o "Manual para Uso Não Sexista da Linguagem" (RIO GRANDE DO SUL, 2014), desenvolvido pelo governo do Rio Grande do Sul e o "Guia para uma Linguagem Promotora da Igualdade entre Mulheres e Homens na Administração Pública" (ABRANCHES, 2009), desenvolvido pela Comissão pela Cidadania e Igualdade de Gênero da Presidência do Conselho de Ministros de Lisboa. Não obstante as especificidades de cada língua (português brasileiro e português europeu), escolhemos esses documentos devido à orientação para uma linguagem que se pretende neutra. Para tanto, recorremos à noção de política linguística de Spolsky (2004, 2009, 2021) com o objetivo de investigar a gestão e as crenças sobre o gênero gramatical. Este trabalho é caracterizado como qualitativo (MINAYO, 2016) e se insere em um paradigma interpretativista (LIN, 2015). Os resultados parciais mostram a construção de políticas linguísticas que se contrapõem à norma padrão e a indicação de uma referência explícita aos dois sexos, ao uso de “genéricos verdadeiros”, da eliminação de artigos, dentre outras propostas. Conclui-se que a política linguística que defende uma linguagem inclusiva coloca em um mesmo patamar gênero e sexo.