Os documentos manuscritos produzidos ao longo da história com o fim de registrar atos e práticas relativas à vida, nos diversos períodos que compõem o percurso de uma sociedade, evidenciam características da língua em uso em cada período e as mudanças verificadas ao longo do tempo. Desse modo, a pesquisa com fontes documentais evoca rastros da memória coletiva, revelando importantes elementos das práticas culturais, bem como aspectos da produção dessas fontes que auxiliam na compreensão da língua e da história de cada povo. Nesse sentido, partiu-se da edição de um corpus constituído de quatro documentos coloniais pertencentes ao Mosteiro de São Bento da Bahia e ao Arquivo Histórico Ultramarino, cuja escrita foi motivada por algum pedido, com vistas ao exame de aspectos relativos às técnicas de produção de cada um, colocando em relevo elementos como o léxico, as fórmulas diplomáticas e os interlocutores que participam de cada evento comunicativo, com o fim de classificá-los, verificando que aspectos os aproxima, levando a defini-los como pertencentes à categoria de textos peticionais e que aspectos os particulariza em diferentes espécies documentais. Como aporte teórico-metodológico, utilizaram-se os pressupostos da Filologia, da História Cultural, da Diplomática e dos Estudos lexicais. A análise empreendida mostrou-se proveitosa para a utilização didática no ensino de disciplinas acadêmicas que se utilizem da análise de manuscritos, como a Filologia, a Paleografia, a História e a Arquivologia, bem como pode ser útil e instigante para os estudos de gêneros textuais e de língua portuguesa no âmbito da Educação básica.