Neste relato de experiência, pretendemos visibilizar a leitura literária das obras “Quarto de despejo” e “Casa de alvenaria” numa incursão de práticas de letramento de resistência via as biografemas da autora Carolina Maria de Jesus que possibilitam o movimento da educação literária como metáfora afroliterária e racial-crítica “das memórias pretas para as escolas, das escolas para as memórias pretas” como letramentos literários de arquivos silenciados que promovem, entre adolescentes do Sul Global, espaços de pedagogias decoloniais potencialmente criativos, críticos e transformativos. Para isso, traremos uma proposta de trabalho didático desenvolvida em turmas de 9º ano do Ensino Fundamental numa escola pública municipal de tempo integral em Serra Talhada - PE através do Caroletramento de (re)existência com a mediação de booktubers na plataforma do Youtube visando desde a macroestrutura da obra até à avaliação. Com isso, destacamos o quanto no século XXI, em que as tecnologias de informação passaram recursos à comunicação e abrem frestas novas para a expressão e o exercício da produção, de forma a afetar os modos de ler e escrever, de publicar e criticar. Assumimos para essa vivenciação o ensino de literatura como (re)existências (AMORIM; SILVA, 2022) através do posicionamento do “outro” na perspectiva decolonial (WALSH, 2019), já que ao pensarmos a leitura em toda a sua complexidade (YUNES, 2002) seremos capazes de ler para além do mundo (PETIT, 2019) nos constituindo como agentes sócio-culturais por meio dos direitos humanos e da educação como prática libertária, transgressora e literária (CÂNDIDO, 2011; HOOKS, 2017; FREIRE, 2021; LEAHY-DIOS, 2004). Os resultados salientam que uma prática ancorada na pesquisa acadêmica e no ensino de literatura em tempos de cultura digital são capazes de extrair grandes significados sobre a aula de “leitura literária” e a “ciberliteratura” costurados pelo tecido do texto literário ressignificando o lugar da relação texto-leitor. Esperamos, ainda, que ao compartilharmos nossa prática possamos contribui para olhares outros da leitura literária na escola e possa também ampliar possíveis intervenções pedagógicas para a execução crítica do trabalho com as conexões dialógicas entre a literatura, educação e tecnologia sob o eixo da educação integral.