Esta comunicação se fundamenta, por um lado, na Análise de discurso de base enunciativa, proposta por Dominique Maingueneau (1984), a partir de seu livro Gênese dos discursos, e por outro, na Análise de discurso em contexto digital, proposta por Marie-Anne Paveau (2021), em seu livro Análise do discurso digital: dicionário das formas de das práticas. Nosso objetivo primeiro é propor uma análise discursiva da produção cinematográfica Emoji: o filme. Nessa análise, mobilizamos parte do corpus inicial do nosso projeto de doutoramento, cujo objetivo é compreender como se estabelecem as relações entre o mundo real e o digital, verificando se são dois universos separados (dualismo digital) ou um universo estendido por bits e átomos (realidade ampliada). Com base, nas nossas primeiras análises de Emoji: o filme é possível postular a existência de um esfarelamento do dualismo digital na contemporaneidade, uma vez que as cenas analisadas e descritas apresentam evidências de uma realidade ampliada, a máquina como extensão de nossas ações e nossos pensamentos. Superarmos o dualismo digital, significa superarmos a diferenciação do linguístico e extralinguístico, do humano e não humano, e entendermos que o discurso e os elementos de sua produção são inextricáveis. Em síntese, ao analisarmos discursivamente Emoji: o filme constatamos que o conceito de semântica global pode ser relacionado com a concepção de ecologia do discurso, pois, no nosso entendimento, ambos os conceitos direcionam a análise de qualquer discurso para além da relação binária superfície/profundidade. Entendemos que tal relação tem muito a ver com os discursos digitais nativos – onde a relação entre humano e não humano, linguístico e extralinguístico é inextricável. Os discursos digitais nativos perpassam o dualismo digital, esfarelam-no, desintegram-no, coconstroem (homem e máquina), criam um novo tipo de realidade discursiva, uma realidade ampliada, ubíqua.