Este estudo trata-se da análise das marcas linguístico-discursivas presentes na carta pessoal, mais especificamente, na carta de amor, que apontam para o que Koch & Oesterreicher (1985, 2006) denominaram de proximidade comunicativa. Desse modo, procura-se investigar, através das relações e papéis sociais dos escreventes, o que as marcas de oralidade despontam em modos tradicionais de dizer, isto é, em Tradição Discursiva (TD). Para isso, selecionou-se um corpus de 50 cartas pessoais de amor de missivistas pernambucanos, datadas entre o período de 1949 a 1950 (século XX). Essas cartas foram coletadas através de doações autorizadas pelo casal. Nesse sentido, esta investigação fundamenta-se nas teorias de Brown & Gilman (1960), para observar a hierarquização das relações interpessoais e as escolhas de certas formas tratamentais; Conde Silvestre (2007) e Levinson (2007), para a compreensão dos papéis sociais dos interlocutores; Koch & Oesterreicher (1985, 2006) e Kabatek (2006), para a discussão relacionada às TD e à proximidade comunicativa e, finalmente, Pessoa (2002) e Soto (2007), para o tratamento do gênero carta pessoal. Os resultados obtidos evidenciam marcas composicionais presentes nas missivas que atuam como formas recorrentes de dizer e contribuem para uma maior implicação emocional das expressões e, também, evidenciando uma comunicação próxima da comunicação face a face entre dois ausentes. Os resultados nos mostram que o uso de modos recorrentes de dizer se apresentou com maior expressividade emocional a depender do assunto da carta de amor. Essas marcas foram evidenciadas a partir do estudo performático da carta de amor e ao se observar o grau da publicidade ou privacidade da comunicação, o de familiaridade e afetividade (intimidade), o de fixação ou liberdade temática e o de espontaneidade ou não da comunicação, revelando, assim, modos tradicionais de dizer que atuam na aproximação e na intimidade entre distantes.