As tecnologias digitais, especialmente as redes sociais, estão modificando as relações entre os sujeitos. O ensino, por sua vez, também muda, uma vez que passa a contemplar essas diferentes possibilidades de interação, como as que ocorrem na rede social Instagram, que possui mais de um bilhão de usuários ativos. Dentre esses usuários, destaca-se uma crescente adesão de professores, que criam perfis educacionais com foco no ensino da redação do Enem, e, consequentemente, de estudantes em busca de informações sobre como produzir textos. Sabendo disso, propomos esta pesquisa, que se justifica pela necessidade de refletir sobre o que os alunos estão acessando e consumindo nessa plataforma em termos de orientações para produção de textos. Para tanto, analisaremos postagens de dois perfis públicos do Instagram que se voltam para o ensino da redação do Enem: @foconomil_ e @profmillaborges, os quais possuem 125.000 e 33.400 seguidores respectivamente. Esses perfis foram escolhidos por acumularem mais de 10.000 seguidores e por terem publicações ativas na rede social, o que é um fator importante para a entrega das publicações. Além disso, comercializam algum tipo de serviço na plataforma, como aulas, correções, consultorias, mentorias, e-books etc. O objetivo principal deste estudo é, então, a partir de Geraldi (1984), Koch e Elias (2006), analisar as concepções de língua, de texto e de escrita que fundamentam as orientações dadas, bem como a perspectiva de ensino de Língua Portuguesa a partir da qual se dão as postagens. Para análise dos dados, utilizou-se a pesquisa qualitativa que (GODOY, 1995), por ter o ambiente natural como fonte direta dos dados. Como principais conclusões, observa-se que o primeiro perfil analisado trabalha com ênfase na Gramática Tradicional, enquanto o segundo tenta de levar aos usuários reflexões mais sociointeracionistas sobre a língua, no entanto, apresentando, em alguns momentos, práticas tradicionais voltadas à aprovação no exame.