Para o senso comum saber e aprender normalmente são tomados como sinônimos. Entretanto, saber é tomar conhecimento, aprender, segundo nos parece, é exatamente por em prática o que sabemos. Não ignoramos o grau de complexidade implicado no processo de transmutar conhecimentos teóricos em prática, em vivência. Desde modo, aqui tratamos da questão a partir de um tripé de problemas que nos apoiou na construção de nosso argumento em favor de uma pedagogia fundada em valores budistas. Inicialmente refletimos sobre o que nos impede de por em prática aquilo que sabemos. Afinal, somos seres ciosos de nossa racionalidade, a nomenclatura homo sapiens é bastante reveladora do grau de nossa pretensão nesse campo. Se assim somos, qual a barreira que se coloca entre saber e aprender? Outra questão de igual importância diz respeito a saber o que de fato é necessário aprender. Aqui partimos do pressuposto que há problemas que precisam ser resolvidos na forma como nos relacionamos enquanto sociedade e na forma como lidamos com o que chamamos de natureza. As desigualdades sociais e a degradação ambiental, acreditamos são fruto da forma como agimos sobre o mundo. E ainda, uma terceira preocupação elencada diz respeito a fonte de onde emana o saber que precisamos aprender, praticar. É justamente nesse ponto que aproximamos a discussão pedagógica da prática budista em termos de uma visão particular do mundo e da nossa prática sobre ele. A revisão de literatura em pedagogia confirma a distinção entre saber e aprender, fundamentada no imperativo de que se de um lado saber significa compreender, aprender avança no sentido da análise e da aplicação de conhecimentos. Além disso, nossa reflexão nos leva a crer que os valores budistas podem ser importantes particularmente na sociedade de pretendemos construir, na qual importa praticarmos aquilo que já reconhecemos como necessário.