O tema central deste texto é a discussão em torno do processo de reminiscência da alma por meio das imagens. Por imagens podemos compreender uma ampla gama de elementos de caráter sensível, tais como forma, aparência, representação visual ou no imaginário. Platão confere às imagens um caráter pedagógico, qual seja: estimular na alma suas memórias. Para o filósofo, a alma é imortal e carrega em si mesma conhecimentos ou saberes apriorísticos. Trata-se, pois, de suas reminiscências, isto é, lembranças e memórias adquiridas pela alma em seu ato de criação divina. Quando a alma (inteligível) encarna em um corpo (sensível) ela se esquece de tais conhecimentos. A função pedagógica das imagens consiste, segundo Platão, em recuperar parte dessas reminiscências, desvelando-as. No Mênon, veremos que a Virtude (enquanto Ideia) é um tipo de conhecimento a ser desvelado, mas não ensinado, pois se trata de uma reminiscência. No Fédon, tais reminiscências são o reconhecimento do seu Igual, ou seja, de um modelo que compartilha de semelhanças com seus objetos. Por fim, no Fedro, Platão conceberá a reminiscência enquanto manía ou forma de loucura divina (erótica). Em todos os casos, será por meio das imagens que as Ideias (Virtude, dentre elas) poderão aflorar na memória. Para Platão, um autêntico processo de educação.