O uso de tecnologia modifica comportamentos e adiciona possibilidades às pessoas. Considerando o indivíduo com deficiência visual e a dependência que não pode ser eliminada totalmente quanto à sua mobilidade, as tecnologias assistivas podem lhes proporcionar uma independência virtual: capacidade de realizar atividades no computador sem a ajuda de qualquer pessoa. Com o principal objetivo de promover essa independência, o projeto de extensão Visão Falada, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba (IFPB), tem o intuito de preparar pessoas com deficiência visual da escola municipal de educação especial Irmã Benigna, localizada na cidade de Patos - PB, para a utilização do computador através do Dosvox, que se trata de um sistema especializado, com síntese de voz e composto por mais de 80 utilitários que permitem o uso de computadores por pessoas que não enxergam de modo algum. O projeto atende tanto no âmbito da manutenção, com formatação e instalação de softwares nas máquinas do laboratório da escola e dos próprios alunos; como, especialmente, no treinamento em Dosvox. Os encontros semanais são coletivos, mas a aula é individualizada, ponderando o nível de conhecimento e o propósito de cada um na utilização de computadores. A evolução de cada usuário é registrada a fim de comprovar a eficácia do treinamento. A inclusão digital se faz necessária na atual sociedade da informação; todavia, na perspectiva da educação especial voltada a pessoas cegas ou com baixa visão, a inclusão digital é motivadora, pois o “fazer sozinho” é imensurável. Sendo o Dosvox um sistema nacional e gratuito, deve-se considerar os diversos projetos de inclusão digital promovidos pelos governos, a fim de que não se permita a exclusão de, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em seu último censo, mais de meio milhão de brasileiros da chamada sociedade do conhecimento. Através desta inclusão, pessoas que não enxergam estarão mais preparadas para as possíveis oportunidades no mercado de trabalho, serão mais produtivas no meio acadêmico, trocarão mensagens de forma mais rápida e eficiente, estarão incluídas digitalmente e, de forma indireta, incluídas socialmente. Finalmente, apesar de o projeto Visão Falada ainda estar em andamento e apontar avanços significativos na vida diária de alguns alunos no que tange a independência proposta, já se percebe que o pouco avanço por parte de outros se dá devido a ausência de um processo de alfabetização anterior, o que justifica a necessidade do sistema Braile. Não acreditamos em uma alfabetização empreendida exclusivamente com tecnologia.