NO BRASIL, A PROPOSTA DE TRABALHO COM OS GÊNEROS NA ESCOLA TEM COMO MARCO INICIAL OS PCN (1998) DA LÍNGUA PORTUGUESA (LP). ESSE DOCUMENTO, DA ESFERA POLÍTICO-EDUCACIONAL, VEM APRESENTAR, A PARTIR DE PESQUISAS, DE ENCONTROS ACADÊMICO-CIENTÍFICOS E DE PUBLICAÇÕES DE ESTUDIOSOS DA ÁREA DA LINGUAGEM (MOVIMENTO QUE TEM INÍCIO NA DÉCADA DE OITENTA), OS PARÂMETROS PARA O ENSINO E APRENDIZAGEM DA LÍNGUA COM ENFOQUE NA VERTENTE INTERACIONISTA E ENUNCIATIVO-DISCURSIVA, CUJO OBJETO DAS PRÁTICAS DE LÍNGUA(GEM) SÃO OS GÊNEROS DISCURSIVOS/TEXTUAIS. AO DEFENDER A IMPORTÂNCIA DE DESENVOLVER A COMPETÊNCIA DISCURSIVA DOS ALUNOS, OS PCN TOMAM O TEXTO COMO UNIDADE BÁSICA DO PROCESSO DE ENSINO E O GÊNERO COMO OBJETO DE TRABALHO. COM BASE NESSE ENTENDIMENTO, ENCONTRAMOS NA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (2018), (DORAVANTE BNCC), A CONFIRMAÇÃO DA RELEVÂNCIA DO TRABALHO COM OS GÊNEROS PARA DESENVOLVER AS PRÁTICAS DE LINGUAGEM DE LEITURA/ESCUTA/PRODUÇÃO ORAL E ESCRITA, E A REFLEXÃO SOBRE A LÍNGUA. CONTUDO, AO REALIZAR UMA LEITURA CRÍTICA DO TEXTO DA BNCC DE LP PERCEBEMOS ALGUMAS INCOERÊNCIAS ENTRE A PERSPECTIVA DE LINGUAGEM ASSUMIDA – ENUNCIATIVA-DISCURSIVA E AS ABORDAGENS APRESENTADAS PARA AS PRÁTICAS DE ENSINO DA PRODUÇÃO ESCRITA. POR EXEMPLO, OBSERVAMOS A INDICAÇÃO DE ATIVIDADES, NO TOCANTE AOS ANOS FINAIS DO FUNDAMENTAL, ORIENTADAS POR MODELOS MAIS TRADICIONAIS, QUE TÊM EM SEUS PRESSUPOSTOS AS NOÇÕES DA LINGUÍSTICA TEXTUAL PARA O TRABALHO COM A ESCRITA. DESSE MODO, ESSA PESQUISA FOCA NA LEITURA E REFLEXÃO CRÍTICA DO TEXTO DA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR REFERENTE AO ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA, ANOS FINAIS DO FUNDAMENTAL, COM O OBJETIVO DE ANALISAR A ABORDAGEM DE TRABALHO COM GÊNEROS DISCURSIVOS/TEXTUAIS, FAZENDO UM RECORTE NAS PRÁTICAS DE PRODUÇÃO ESCRITA. ESSA É UMA PESQUISA QUALITATIVA DE CARÁTER INTERPRETATIVISTA, QUE TOMA COMO BASE TEÓRICA A ANÁLISE DIALÓGICA DO DISCURSO (ADD), CUJO EXPOENTE É O FILÓSOFO DA LINGUAGEM MIKHAIL BAKHTIN. NESSA TEORIA, TODO DISCURSO (ENUNCIADO) É OCUPADO DE MUITOS OUTROS ENUNCIADOS, PASSADOS, PRESENTES E FUTUROS, POIS, AO ENUNCIAR, O FALANTE/ESCRITOR RESPONDE A DISCURSOS ANTERIORES E PRESUME, COMO RESPOSTAS FUTURAS, UMA COMPREENSÃO RESPONSIVA ATIVA DO SEU INTERLOCUTOR, ADEQUANDO SEU DISCURSO (JÁ IMPREGNADO DE OUTROS) TENDO EM VISTA UMA INTENÇÃO E FINALIDADE ESPECÍFICAS NA SUA INTERLOCUÇÃO. SE “(...) TODA COMPREENSÃO É PRENHE DE RESPOSTA (...)” (BAKHTIN, 1992 [2011], P. 271), ESSA RESPOSTA PODE SE DAR IMEDIATAMENTE AO DISCURSO OU TER EFEITO RETARDADO, OU SEJA, O OUVINTE/LEITOR RESPONDE EM OUTROS MOMENTOS, EM DISCURSOS SUBSEQUENTES. PARA TANTO, SELECIONAMOS ALGUNS ENUNCIADOS DA BNCC PARA COM ELES DIALOGAR NUM “(...) CONTINUUM CUJO ACABAMENTO, MESMO QUE VISÍVEL, É SEMPRE INCONCLUSO (...)” (BRAIT, 2002, P. 41). COMO CONCLUSÕES PARCIAIS, NOTAMOS QUE HÁ UMA DISPERSÃO NAS ORIENTAÇÕES REFERENTES À PRODUÇÃO DE TEXTOS, TENDO EM VISTA AS ESTRATÉGIAS CONSIDERADAS ESSÊNCIAS PARA ESSA ATIVIDADE, AS QUAIS CONTEMPLAM PLANEJAMENTO, ESCRITA, REVISÃO, REESCRITA. DESSE MODO, O TEXTO FALHA EM UMA CONSISTÊNCIA NECESSÁRIA PARA LEVAR A CABO SEU PROPÓSITO DE FORMAR LEITORES E ESCRITORES COMPETENTES, POSSIBILITANDO COMPREENSÕES DE SEUS INTERLOCUTORES (PROFESSORES) DE QUE ESSAS ESTRATÉGIAS NEM SEMPRE PRECISAM SER DESENVOLVIDAS PARA A APRENDIZAGEM DA ESCRITA. PARA ALÉM, PERCEBEMOS UMA EXTENSA GAMA DE GÊNEROS INDICADOS PARA CADA ANO DE ESCOLARIDADE. SOBRE ISSO, GERALDI (2015) JÁ SE POSICIONAVA, QUANDO DA PRIMEIRA VERSÃO DA BNCC, A QUAL CIRCULOU POR COLEGAS DA ACADEMIA. O AUTOR PROBLEMATIZOU A INDICAÇÃO DE TANTOS GÊNEROS SUSTENTADO O ARGUMENTO DE QUE APRENDE-SE GÊNEROS NA VIDA SOCIAL. EM SUAS PALAVRAS, “APRENDE-SE MAIS NA VIDA DO QUE NA ESCOLA” (GERALDI, 2015, P. 390). CONCORDAMOS COM GERALDI POR ENTENDER QUE CABE À ESCOLA DESENVOLVER CAPACIDADES DE LINGUAGEM, VIA OBJETOS DE ESTUDO, QUE TORNEM OS ALUNOS CAPAZES DE SE INTEGRAREM NA SOCIEDADE, VIA MUNDO DO TRABALHO, MUNDO CIENTÍFICO E CULTURAL DE FORMA QUALIFICADA ENQUANTO VERDADEIROS CIDADÃOS. UM TRABALHO COM QUALIDADE REQUER TEMPO DE SALA DE AULA, AINDA MAIS EM SALAS CHEIAS EM QUE O PROFESSOR, ENQUANTO MEDIADOR, PRECISA ATENTAR AOS DIFERENTES TEMPOS DE APRENDIZAGEM. SE AS BASES DE UM ENSINO DE QUALIDADE GARANTIR O DESENVOLVIMENTO DAS COMPETÊNCIAS DISCURSIVAS, TEREMOS A CHANCE DE FORMAR PESSOAS PARA O MUNDO E CAPAZES DE INTERAGIR NAS DIFERENTES ESFERAS DA SOCIEDADE.
PALAVRAS-CHAVE: GÊNEROS DISCURSIVOS, BNCC, REFLEXÕES.