AS QUESTÕES DE GÊNERO TÊM GANHADO CADA VEZ MAIS VISIBILIDADE E ESPAÇO NA SOCIEDADE, SENDO FOCO DE EXTENSOS ESTUDOS E DEBATES NA ACADEMIA. PORÉM ESSA CONSTRUÇÃO CULTURAL, ENXERGADA PELO VIÉS TEÓRICO CRÍTICO, TEM SIDO UTILIZADA DE FORMA INDEVIDA OU COM SEU SENTIDO DETURPADO, REFORÇANDO ESTEREÓTIPOS E PRECONCEITOS QUE JUSTIFICAM E CONSERVAM AS ESTRUTURAS HIERÁRQUICAS DE PODER. NA ÁREA DE EDUCAÇÃO TAMBÉM OBSERVA-SE O CRESCIMENTO DESSAS DISCUSSÕES E OS PROFESSORES E PROFESSORAS, DAS DIVERSAS ÁREAS DO CONHECIMENTO, TÊM SE DEPARADO EM SALA DE AULA CADA VEZ MAIS COM QUESTÕES RELACIONADAS AO ASSUNTO, TEMÁTICA ESTÁ GERALMENTE NÃO CONTEMPLADA DURANTE A FORMAÇÃO INICIAL, E QUE É ATRAVESSADA POR OUTROS FATORES, COMO CULTURA E RAÇA. NESTE CONTEXTO, O PRESENTE TRABALHO APRESENTA RESULTADOS PARCIAIS OBTIDOS NO DESENVOLVIMENTO DO PROJETO “A QUESTÃO DE GÊNERO NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA: UM OLHAR TRANSDISCIPLINAR”, QUE INTEGRA OS CONSÓRCIOS ACADÊMICOS PARA A EXCELÊNCIA DO ENSINO DE GRADUAÇÃO (CAEG) DA PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. O PROJETO VISA DISCUTIR E PROBLEMATIZAR A TEMÁTICA DE GÊNERO, DE FORMA PIONEIRA E TRANSDISCIPLINAR, EM TRÊS CURSOS DE LICENCIATURA DA USP: EDUCAÇÃO FÍSICA, MATEMÁTICA E PEDAGOGIA. É DESENVOLVIDO POR TRÊS DOCENTES DA UNIVERSIDADE, UMA BOLSISTA DO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO E TRÊS BOLSISTAS DO CURSO DE GRADUAÇÃO, QUE AO LONGO DO ANO DE 2021 DESENVOLVERAM ATIVIDADES EM QUATRO DISCIPLINAS OBRIGATÓRIAS, SENDO DUAS PARA O CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA, UMA PARA O CURSO DE LICENCIATURA EM MATEMÁTICA E A OUTRA PARA O CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA. NAS DISCIPLINAS FORAM PROPOSTAS ATIVIDADES REMOTAS CUJO OBJETIVO PRINCIPAL FOI SUSCITAR DISCUSSÕES E AÇÕES ACERCA DA TEMÁTICA DE GÊNERO E SEXUALIDADE, COM FOCO PARA O AMBIENTE ESCOLAR, RESPEITANDO AS ESPECIFICIDADES DE CADA ÁREA. INICIALMENTE FOI DISPONIBILIZADO UM QUESTIONÁRIO, COMPOSTO DE PERGUNTAS ABERTAS E FECHADAS CUJO OBJETIVO FOI APURAR AS PERCEPÇÕES E EXPECTATIVAS DOS LICENCIANDOS E LICENCIANDAS SOBRE A TEMÁTICA DE GÊNERO, BEM COMO SUAS EXPERIÊNCIAS ANTERIORES, SEJA NA EDUCAÇÃO BÁSICA OU NA EDUCAÇÃO SUPERIOR. ANALISANDO AS RESPOSTAS OBTIDAS, VERIFICOU-SE UM GRANDE INTERESSE EM DEBATER A TEMÁTICA E INSEGURANÇA E FALTA DE DOMÍNIO EM TRABALHAR O ASSUNTO EM SALA DE AULA. QUANTO ÀS EXPECTATIVAS AO PROJETO, ELAS FORAM DIRECIONADAS DE MODO GERAL AO APRENDIZADO DE TERMOS E CONCEITOS, ALÉM DE ESTRATÉGIAS PARA ABORDAR O TEMA NO AMBIENTE ESCOLAR, A FIM DE TORNÁ-LO MAIS ACOLHEDOR E INCLUSIVO PARA TODOS E TODAS. NESTE TRABALHO, APRESENTAMOS UM RECORTE DA PESQUISA DESENVOLVIDA, DESCREVENDO E ANALISANDO AS ATIVIDADES REALIZADAS NA DISCIPLINA DO CURSO DE LICENCIATURA EM MATEMÁTICA. NESTE CURSO, O PROJETO FOI DESENVOLVIDO EM UMA DAS TURMAS DA DISCIPLINA DE MAT1500 - PROJETOS DE ESTÁGIO, DISCIPLINA ANUAL QUE PREVÊ A REALIZAÇÃO DE ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO. O PROJETO CONTOU COM MOMENTOS INICIAIS, CONDUZIDOS PELA DOCENTE DA DISCIPLINA, E MOMENTOS DE SENSIBILIZAÇÃO IN LOCO DIRIGIDOS PELAS BOLSISTAS COM TEMÁTICAS ESPECÍFICAS COM BASE NAS NECESSIDADES E DEMANDAS DA TURMA. VALE RESSALTAR QUE AS QUATRO BOLSISTAS DO PROJETO ESTIVERAM PRESENTES EM TODAS AS ATIVIDADES E INTERVENÇÕES REALIZADAS NAS QUATRO TURMAS, CONTRIBUINDO COM SUAS EXPERIÊNCIAS E SEUS OLHARES DIFERENCIADOS, TANTO NA ELABORAÇÃO QUANTO NA APLICAÇÃO DAS ATIVIDADES. AS INTERVENÇÕES VARIARAM DESDE PRODUÇÕES INDIVIDUAIS ATÉ COLETIVAS SOBRE O CONCEITO DE GÊNERO, ONDE OS LICENCIANDOS E AS LICENCIANDAS COMPARTILHARAM NOÇÕES PRÉVIAS DO ASSUNTO, CONVERSARAM, FIZERAM REFLEXÕES EM PEQUENOS GRUPOS, ANTES DE APRESENTAR UM PEQUENO RECORTE DESSAS DISCUSSÕES, PARA TODA A TURMA. UTILIZANDO-SE PRINCIPALMENTE O REFERENCIAL DE JOAN SCOTT (1989), EM SEU ARTIGO “GÊNERO: UMA CATEGORIA ÚTIL DE ANÁLISE HISTÓRICA”, E RACHEL SOIHET E JOANA MARIA PEDRO, EM “A EMERGÊNCIA DA PESQUISA DA HISTÓRIA DAS MULHERES E DAS RELAÇÕES DE GÊNERO”, FORAM APRESENTADAS ALGUMAS CONCEITUAÇÕES DE TERMOS COMO: GÊNERO, ORIENTAÇÃO SEXUAL, SEXO BIOLÓGICO E SEXUALIDADE, VISANDO DIFERENCIAR TERMOS QUE MUITAS VEZES SÃO USADOS DE FORMA EQUIVOCADA OU CUJOS SIGNIFICADOS GERAM DÚVIDA. UM BREVE HISTÓRICO DA DISCUSSÃO SOBRE GÊNERO E HISTÓRIA DAS MULHERES, FOI REALIZADO COM APOIO DO LIVRO “DIFERENTES, NÃO DESIGUAIS: A QUESTÃO DE GÊNERO NA ESCOLA” DE BEATRIZ ACCIOLY LINS, BERNARDO MACHADO E MICHELE ESCOURA. UMA PRODUÇÃO INDIVIDUAL, COM RELATOS QUE ENVOLVERAM SITUAÇÕES DE GÊNERO E/OU SEXUALIDADE NA ESCOLA, CULMINOU NUMA INTERVENÇÃO ONDE TRABALHAMOS A SENSIBILIZAÇÃO E MEIOS DE AÇÃO PARA DUAS TEMÁTICAS: O ASSÉDIO E ESTEREÓTIPO DAS MULHERES NA MATEMÁTICA. COMO UMA DEMANDA QUE APARECEU EM VÁRIOS QUESTIONÁRIOS DOS LICENCIANDOS E LICENCIANDAS EM MATEMÁTICA FOI O DESEJO DE APRENDER COMO ABORDAR A TEMÁTICA EM SALA DE AULA DE FORMA ADEQUADA E COMO INSERIR ESSAS DISCUSSÕES DENTRO DA DISCIPLINA DE MATEMÁTICA, FOI PROPOSTO COMO ATIVIDADE FINAL PARA A TURMA A ELABORAÇÃO, EM GRUPO, DE UM PLANO DE AULA COM A TEMÁTICA DE GÊNERO E SEXUALIDADE COMO CONTEÚDO DE AULA OU CONTEÚDO TRANSVERSAL AO PLANO ELABORADO, PENSANDO EM ESTRATÉGIAS PARA ABORDAR O TEMA DENTRO DA AULA DE MATEMÁTICA. A APRESENTAÇÃO DOS PLANOS ELABORADOS E DA APLICAÇÃO DE ALGUNS DELES MOSTROU-SE OUTRO MOMENTO FUNDAMENTAL NO DESENVOLVIMENTO DO PROJETO JUNTO A TURMA. PERCEBEMOS AO LONGO DO PROJETO, QUE A TEMÁTICA DE GÊNERO ESTÁ MAIS PRESENTE NA SALA DE AULA DO QUE IMAGINAMOS, E ESSAS QUESTÕES PODEM SER TRABALHADAS ATRAVÉS DE ENUNCIADOS DE PROBLEMAS, EM EXERCÍCIOS E ATIVIDADES, E NA POSTURA DOS PROFESSORES E PROFESSORAS FRENTE AOS ALUNOS E ALUNAS, POR EXEMPLO. APÓS ANÁLISE DE TODO MATERIAL PRODUZIDO AO LONGO DAS INTERVENÇÕES FICOU EVIDENTE A IMPORTÂNCIA DESSA DISCUSSÃO NOS PROCESSOS DE FORMAÇÃO INICIAL DOS LICENCIANDOS E LICENCIANDAS, FORNECENDO BASE E EXPERIÊNCIAS QUE POSSIBILITEM TRABALHAR ESSA TEMÁTICA NA EDUCAÇÃO BÁSICA, E EM QUALQUER DISCIPLINA, POR MEIO DE PROCESSOS CONTÍNUOS E RICOS EM SIGNIFICADOS, DE FORMA A DESNATURALIZAR E DESCONSTRUIR IDEIAS E JUSTIFICATIVAS PARA AS ESTRUTURAS HEGEMÔNICAS DE PODER, BUSCANDO A CONSTRUÇÃO DE UMA SOCIEDADE MAIS ACOLHEDORA, EMPÁTICA, INCLUSIVA E IGUALITÁRIA A TODOS E TODAS. ESTE ESTUDO TEM APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA CAAE 51517421.0.0000.5391.