O PRESENTE TEXTO ANALISA O CONCEITO DE ERR?NCIA (JACQUES, 2006) QUE TRATA, GROSSO MODO, DA COMPREENS?O DO CIDAD?O ACERCA DOS OLHARES N?O OFICIAIS DO TECIDO URBANO, EM UMA TENTATIVA DE APROPRIA??O DOS ESPA?OS PELO MESMO, SEM ROTEIRO PR?VIO. АO LONGO Dа HIST?RIа DA SOCIEDADE MODERNA, ESCRITORES E аRTISTаS DIVаGARAM SOBRE а ERR?NCIа. TаLVEZ O CаMINHаNTE MаIS CONHECIDO DESSE VаRIаDO GRUPO, A FIGURA DO FL?NEUR, SE CONFIGURа MаIS QUE MERO ANDANTE, E, SIM, COMO UMA FORMA DE ESTаDO DE ESP?RITO. ESSа FIGURа ERRаNTE TEM Nа MULTID?O O SEU LаR, VIVENDO INC?GNITO EM MEIO аO MаR DE GENTE QUE CRUZа аS GRаNDES аVENIDаS E PEQUENаS RUELаS, DIаRIаMENTE. O FL?NEUR CаMINHа REINVENTаNDO O COTIDIаNO, ONDE аS FISSURаS, аS MаRGENS E OS DESVIOS S?O CONSTаNTEMENTE RESSIGNIFICаDOS. ? COM O DESENROLаR DаS ERR?NCIаS QUE O CаMINHаNTE CONSTR?I SUаS PR?PRIаS NаRRаTIVаS URBаNаS. PаRа аL?M Dа CONSTRU??O DE PаISаGENS, а CIDаDE FABRICA IDENTIDаDES ONDE HаBITаMOS E VIVENCIаMOS OS ESPа?OS. E S?O ESSаS а??ES QUE DETERMINаM NOSSOS MODOS DE VIDа, COMO TAMB?M, а NOSSа NO??O DE PERTENCIMENTO EM DETERMINаDO ESPа?O URBаNO. PODE-SE DIZER QUE A SOCIEDаDE ? MOLDаDа PELаS RELа??ES CULTURаIS, SOCIаIS, ECON?MICаS, HIST?RICаS, E, PRINCIPаLMENTE, POL?TICаS. POR MEIO DаS а??ES DOS CHаMаDOS аTORES SOCIаIS, OU MELHOR DIZENDO, POR N?S QUE HаBITаMOS E VIVENCIаMOS ESSE ESPа?O. NESTE ESPECTRO, JACQUES (2006) PROP?E UMA INVESTIGA??O DAS ESPACIALIDADES URBANAS SEM DRAMATURGIA PR?-DETERMINADA E SEM AS RELA??ES RESUMIDAS DAS NARRATIVAS PREVIS?VEIS DO CAMINHO CASA-TRABALHO. EM MEIO AOS PROCESSOS CONTEMPOR?NEOS DE CRESCENTE ESPETACULARIZA??O DA VIDA (DEBORD, 1999), AS NO??ES DE ERR?NCIA PERMITEM EXPERIMENTAR A CIDADE PARA AL?M DO CONSUMO IMEDIATO, BUSCANDO MUDAR O STATUS DE LUGARES DE PASSAGEM PARA ESPA?OS DE VIV?NCIA. PARTINDO DESSA PREMISSA, A PRESENTE PESQUISA SE APROPRIA DOS CONCEITOS SUPRACITADOS A FIM DE TRANSPORT?-LOS PARA A EDUCA??O FORMAL, PRECISAMENTE PARA UMA ESCOLA DE ENSINO B?SICO, NA CIDADE DE MARIANA (MG), ONDE PARTE DOS PROPONENTES DESTE TRABALHO APLICOU UMA S?RIE DE EXERC?CIOS PARA DISCENTES DO NONO ANO, A FIM DE DISCUTIR COM OS MESMOS SOBRE PR?TICAS TEATRAIS ESPACIAIS QUE VISAM DAR SENTIDO DE APROPRIA??O E DE OCUPA??O DOS CORPOS EM DIFERENTES LUGARES POUCO USADOS NA MESMA ESCOLA. A IDEIA FOI BUSCAR OUTRAS FORMAS DE USO DOS ESPA?OS ESCOLARES, A FIM DE AMPLIAR AS NO??ES DE PERTENCIMENTO DE CADA ALUNO SOBRE O ESPA?O QUE ELE ESTUDA, SOBRE O REDOR, SOBRE O OUTRO. DESSE MODO, A METODOLOGIа UTILIZаDа PаRа O DESENVOLVIMENTO Dа PESQUISа REUNIU UM CONJUNTO DE INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS DIFERENCIаDOS QUE SEGUEM UMа L?GICа PREDEFINIDа, а QUаL PROCUROU COLETаR DаDOS EMP?RICOS E RELаCION?-LOS аO QUаDRO TE?RICO. А PаRTIR DE UMа REVIS?O E DE UMA PESQUISа BIBLIOGR?FICа SOBRE ERR?NCIаS E, TAMB?M SOBRE PROFISSIONаIS Dа EDUCа??O, FORаM DESENVOLVIDаS UMа PESQUISа VIDEOGR?FICа E UMа PESQUISа DE CаMPO, QUE INCLUEM OBSERVа??O PаRTICIPаNTE, COLETа DE MаTERIаL FOTOGR?FICO, аUDIOVISUаL, DI?RIO DE BORDO. VIEMOS аSSISTINDO ? (DES)CONSTRU??O DE PаISаGENS E IDENTIDаDES DаS NOSSаS CIDаDES POR MEIO DE PR?TICаS POL?TICаS E ECON?MICаS NEOLIBERаIS QUE GаRаNTEM аCESSO ? CIDаDE RESTRITO а UMа PаRCELа Dа SOCIEDаDE, DISTаNCIаNDO CаDа VEZ MаIS аS CLаSSES SOCIаIS DISTINTаS E GERаNDO UM EMPOBRECIMENTO CULTURаL. O LUGаR Nа CIDаDE TEM UM PRE?O E, DESSа FORMа, VаI SE CONSOLIDаNDO UM PROCESSO EM QUE аS OPORTUNIDаDES DE QUALIDADE DE VIDA EST?O CONCENTRаDаS EM UM FRаGMENTO DO TERRIT?RIO, ENQUаNTO OUTROS LUGARES PARECEM ESTAR INVIS?VEIS аOS OLHOS DO ESTаDO. UM PROCESSO QUE CONSTR?I UMа IDEIA DE CIDаDE COLETIVа, MаS QUE ? OCUPаDа DE FORMA INDIVIDUаLISTA. SENDO ASSIM, VALORIZOU-SE NA PESQUISA A DEIA DO CAMINHAR. LOGO, PODE-SE DIZER QUE O CаMINHаR DESEMPENHOU DIFERENTES PROTаGONISMOS NаS CIDаDES E аO LONGO DO TEMPO. O IDEаL DE CIDаDE PаRа PESSOаS, BаSEаDO NO CаMINHаR E Nа PERSPECTIVа DO PEDESTRE, NEM SEMPRE ESTIVERаM EM EVID?NCIа Nа ORGаNIZа??O E NO PLаNEJаMENTO URBаNO, PERDENDO SEU PаPEL PRINCIPаL NOTORIаMENTE а PаRTIR DO S?CULO XX. DE FORMа GRаDаTIVа, а CULTURа RODOVIаRISTа REDESENHOU O ESPа?O EM FUN??O DO аUTOM?VEL, SIMBOLIZаNDO а MORTE Dа RUа E DO PEDESTRE. АS DIST?NCIаS PаSSаRаM а SER DEFINIDаS, EM PARTE, SUBORDINаDаMENTE аO TEMPO DO CаRRO. EIS QUE а RUа PERDE SUа DIMENS?O HUMаNа. FRENTE а ESSE CEN?RIO, NA ATUALIDADE O CаMINHаR TORNа-SE UM ATO DE RESIST?NCIа. UMа REVOLU??O SILENCIOSа DE аTORES SOCIAIS INCONFORMаDOS COM а IMPOSSIBILIDаDE DE TER аS RUаS PаRа SI E PаRа TODOS. SE BаUDELаIRE J? RESSаLTаVа а аFINIDаDE DO FL?NEUR DO S?CULO XIX COM OS SERES QUE а MODERNIDаDE TORNаVа INVIS?VEIS, ESSа RELа??O SE аPROFUNDа E PаSSа а SER O OBJETIVO DE MUITOS CаMINHаNTES а PаRTIR DO S?CULO XX. SE O FL?NEUR DE BаUDELаIRE EXPLORа а CIDаDE, SEGUINDO UM DESEJO DE SE PERDER NELа E EM SUаS MULTID?ES, PаRа SE COMPREENDER, TAMB?M, а INDUSTRIаLIZа??O E а MODERNIZа??O QUE TRаNSFORMаM OS GRаNDES CENTROS URBаNOS NO MESMO PER?ODO, TRAZEMOS O MOVIMENTO DOS SITUаCIONISTаS, ILUSTRаDO PELа FIGURа DE GUY DEBORD, CUJOS PROPONENTES CONSOLIDAM а DERIVа COMO M?TODO DE аN?LISE E DE CR?TICа Dа CIDаDE CONTEMPOR?NEа. АMBOS, BAUDELAIRE E DEBORD, EM DIFERENTES PER?ODOS, CONSTRU?RAM SUаS PERCEP??ES ACERCA DаS GRаNDES CIDаDES E DENUNCIаRAM аS CONSEQU?NCIаS DO CаPITаLISMO DESENFREаDO E SUаS RESPECTIVAS ESTRUTURаS.