SEGUNDO FLEURI (2002), O BRASIL É HISTORICAMENTE CONSTITUÍDO COMO UMA SOCIEDADE MULTIÉTNICA E CULTURALMENTE HÍBRIDA, E ENFRENTA DESAFIOS. NO PLANO EDUCATIVO, O DESAFIO DE DESENVOLVER A DISPOSIÇÃO PARA EXPLICAR E RESOLVER OS CONFLITOS. PORÉM DA MESMA FORMA QUE HÁ NOVOS DESAFIOS, SEMPRE HÁ TAMBÉM, NOVAS PEDAGOGIAS QUE CHEGAM NÃO PARAM ANULAR SABERES E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS JÁ EXISTENTES, MAS QUE SE APRESENTAM COMO NOVAS FORMAS DE FAZERES PEDAGÓGICOS, E ASSIM CRIAM NOVAS PONTES DE DIÁLOGOS E ALCANCE. DESSA FORMA O OBJETIVO DESTE TRABALHO DE FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA É DE EXPOR AS POTENCIALIDADES EXISTENTES NA PEDAGOGIA DA HOSPITALIDADE, FRENTE AOS DESAFIOS EXISTENTES NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA NO QUE SE REFERE A DIVERSIDADE CULTURAL E AS FORMAS DE CONVIVÊNCIA. O PROCESSO EDUCATIVO CONSISTE NA CRIAÇÃO E NO DESENVOLVIMENTO DE CONTEXTOS EDUCATIVOS, E NÃO SIMPLESMENTE NA TRANSMISSÃO DE CONTEÚDOS DISCIPLINARES ESPECIALIZADOS. COM ISSO, TRABALHA-SE COM UMA CONCEPÇÃO DE EDUCAÇÃO, COMO AMBIENTE QUE INTEGRA DIFERENTES SUJEITOS E SEUS RESPECTIVOS CONTEXTOS CULTURAIS. DESSA FORMA, TÃO IMPORTANTE QUANTO A INTEGRAÇÃO DOS SUJEITOS, É A INTERAÇÃO E A CONVIVÊNCIA ENTRE ELES. PARA PEREIRA E SALGUEIRO (2020, P.72), A PEDAGOGIA DA HOSPITALIDADE AO FALAR SOBRE A CONVIVÊNCIA ASSUME QUE A MESMA NÃO É INDOLOR E QUE A ABERTURA AO OUTRO PODE RESULTAR INÚMERAS SENSAÇÕES DISTINTAS. DESSA FORMA, O PROCESSO DE CONVIVÊNCIA É GERADOR DE DIVERSOS SENTIMENTOS, SEJAM ELES POSITIVOS OU NEGATIVOS. PORÉM, EMBORA A PRÁTICA DE ABERTURA POSSA RESULTAR DESASSOSSEGO E RISCO, TAL MEDO PODE EXPLICAR UMA VULNERABILIDADE, MAS NUNCA UM ATO DE VIOLÊNCIA. COMO ASSEGURA BAPTISTA: “ENQUANTO PRÁTICA DE CONVIVÊNCIA, A PAZ NÃO SE CONFUNDE COM ATITUDES DE TOLERÂNCIA PASSIVA, COM INDIFERENÇA, COM CONFORMISMO E QUIETISMO (...) A PAZ COMEÇA NO MOVIMENTO QUE ROMPE COM O EGOÍSMO E A AUTOSSUFICIÊNCIA, TRADUZINDO-SE NO PRAZER DO ENCONTRO, NA ATENÇÃO, NO CUIDADO E NA AÇÃO SOLIDÁRIA. SEM ESQUECER QUE APRENDER A CONVIVER PASSA TAMBÉM PELO APRENDER A RESPEITAR OS ESPAÇOS DE SOLIDÃO E DE PRIVACIDADES...” (2005, P. 47). A PEDAGOGIA DA HOSPITALIDADE É PAUTADA EM MARCOS REGULADORES DE RESPEITO EM RELAÇÃO À ALTERIDADE E AS FORMAS DE RELAÇÃO COM O OUTRO. PARA ISABEL BAPTISTA (2005), UMA DAS GRANDES CARACTERÍSTICAS DA CONTEMPORANEIDADE É A COEXISTÊNCIA DAS MÚLTIPLAS HERANÇAS CULTURAIS, RELIGIOSAS E FILOSÓFICAS. E SOBRE ISSO, BAPTISTA DIZ: "JULGAMOS QUE É AÍ QUE RESIDE UMA DAS GRANDES TAREFAS DA ÉTICA E DA EDUCAÇÃO, A DE PROMOVER O RESPEITO EM RELAÇÃO AO QUE NOS PREEXISTE, AO QUE NOS É DADO E TRANSMITIDO-ENSINADO." (2005, P. 36). DESSA FORMA, A PEDAGOGIA DA HOSPITALIDADE TRÁS GRANDES CONTRIBUIÇÕES SOBRE A FORMA QUE VALORIZAMOS E NOS RELACIONAMOS COM O OUTRO, VISANDO A VALORIZAÇÃO DA DIMENSÃO CULTURAL DE CADA SUJEITO, E ASSIM CONSTRUINDO POSSIBILIDADES PARA UMA CONVIVÊNCIA DEMOCRÁTICA. NÃO SE TRATA, PORTANTO, DE NEGAR OS CONFLITOS POSSÍVEIS NO PROCESSO DE CONVIVÊNCIA, PORÉM A CONCEPÇÃO QUE TEMOS DO OUTRO NO NOSSO ESPAÇO É CRUCIAL PARA UMA VERDADEIRA PRÁTICA DE HOSPITALIDADE. CONVIVER E SER HOSPITALEIRO PASSA PELO ATO DE ENTENDER QUE A PLURALIDADE QUE HÁ NO OUTRO NÃO NOS ANULA, MAS REAFIRMA E REINVENTA O QUE NÓS SOMOS. A CONSCIÊNCIA DE SER UM SUJEITO PRESENTE NO MUITO, APONTADO POR FREIRE (1997), DE ACORDO COM BAPTISTA É INSEPARÁVEL DA CONSCIÊNCIA DE QUE NÃO ESTAMOS SOZINHOS NO MUNDO, E DIANTE DISSO É FUNDAMENTAL NÃO SOMENTE O RECONHECIMENTO DE UMA PLURALIDADE EXISTENTE NA SOCIEDADE, MAS TAMBÉM UM CONJUNTO DE EXIGÊNCIAS ÉTICAS QUE ESTEJAM ALINHADOS À NECESSIDADE E AO DESEJO DE CONVIVER EM COMUNIDADE COM OS OUTROS. ESSAS EXIGÊNCIAS, DE ACORDO COM BAPTISTA (2005, P. 46): "SERVEM PARA NOS ENTENDERMOS, PARA COMUNICARMOS, PARA PARTICIPARMOS, PARA APRENDERMOS." A VISTA DISSO, NOTA-SE A ESSENCIALIDADE DE NÃO APENAS COEXISTIR, MAS TAMBÉM DE CONVIVER COM OS OUTROS, RECONHECENDO QUE SOMOS IGUAIS EM DIGNIDADE E DIREITOS, MAS QUE TAMBÉM SOMOS DIFERENTES POR VÁRIOS MOTIVOS CIRCUNSTANCIAIS (JARES, 2008, P. 44). POR ISSO, PAUTADO É UMA CRENÇA POSITIVA DA ALTERIDADE, A PEDAGOGIA DA HOSPITALIDADE ENFATIZA A NECESSIDADE DE UM ACOLHIMENTO E UMA ABERTURA POR INTEIRO, E MESMO RECONHECENDO QUE, EMBORA TAL ABERTURA POSSA IMPOR GRAUS DE INSTABILIDADE E PERTURBAÇÃO, DENOTA-SE QUE SEM TAIS PERTURBAÇÕES E SEM A POSSIBILIDADE DE ABERTURA, SE TORNA IMPOSSÍVEL FALAR DE DESENVOLVIMENTO. PARA PIERONI; FERMINO E CALIMAN (2014, P. 30), VIVER NO NOVO OCEANO DAS CULTURAS EXIGE COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS: A COMPREENSÃO HORIZONTAL DAS SOCIEDADES MULTICULTURAIS E O PRIVILÉGIO DA INTEGRAÇÃO (CONTRA A SEGREGAÇÃO), DA COOPERAÇÃO (CONTRA A DOMINAÇÃO) E DA ACOLHIDA (CONTRA A COMPETIÇÃO). POR ISSO, ESTE TRABALHO IRÁ EXPOR OS DESAFIOS QUE A EDUCAÇÃO ENFRENTA NO QUE SE REFERE AS QUESTÕES DE CONVIVÊNCIA E CULTURALIDADE E TAMBÉM OS CONFLITOS EXISTENTES NESSAS RELAÇÕES; E FARÁ A EXPOSIÇÃO SOBRE A PEDAGOGIA DA HOSPITALIDADE COMO POSSÍVEL FERRAMENTA PARA A RESOLUÇÃO DESTES CONFLITOS, TENDO COMO OBJETIVO A CONVIVÊNCIA DEMOCRÁTICA E HOSPITALEIRA, QUE NÃO NEGA OS CONFLITOS E NEM OS SENTIMENTOS QUE A CONVIVÊNCIA COM O DIFERENTE PODE CAUSAR, MAS QUE PAUTADA EM MARCOS REGULADORES DE RESPEITO, LIBERDADE E CONVIVÊNCIA, CONTRIBUEM PARA UMA SOCIEDADE MAIS JUSTA.