Este trabalho objetiva apresentar um relato de experiência da minha atuação na Associação Cultural para Pessoas com Deficiência na cidade de Campina Grande. Reconheço que a dança pode se transformar em um instrumento de libertação e fazer aflorar as capacidades das pessoas com deficiência. A minha entrada nesta área foi provocada a partir dos meus questionamentos sobre as dificuldades e falta de políticas públicas para a dança inclusiva enquanto estratégias de transformação pessoal e social. O PRODARTE ( Projeto de Dança e Artes para Excepcionais ) foi fundado em 22 de Abril de 1999 na cidade de Campina Grande-PB, por mim, Gregson Correia de Amorim e teve suas primeiras atividades desenvolvidas junto à SAB (Sociedade de Amigos do Bairro) do Centenário, contando inicialmente com a participação de uma pessoa com deficiência física. A partir daí o projeto teve um aumento no número de componentes passando a somar pessoas com deficiência física, visuais, psíquicas, autistas, síndrome de down e paralisia cerebral. Depois de três anos transformamos o projeto em uma associação, ACDEF (Associação Cultural para Deficientes-CG). Dessa forma, em 05 de agosto de 2002, a sua juridicidade foi constituída. Ao assistir uma pessoa com deficiência interpretar uma música e conseguir emocionar o público e dizer que é capaz, torna a iniciativa responsável pela educação ou reeducação do olhar do outro e em contrapartida a diminuição do preconceito. Em nosso dia a dia constatamos, através dos relatos de nossos usuários, o quanto esta experiência tem mudado a vida deles. Conforme nos ensina Chauí (1999, p.259), compreendemos que: “... a cultura é a maneira pela qual os humanos se humanizam por meio de práticas que criam a existência social, econômica, política, religiosa, intelectual e artística”. Do ponto de vista teórico nos aportamos em Paulo Freire (2002) que considera o comportamento humano como fenômeno histórico e socialmente determinado, onde a concepção de mundo é mediada culturalmente e essa mediação favorece a compreensão para a utilização da dança como tema e para uma melhor relação de nossos dançarinos como nossos valores, além de estimular a criatividade e a imaginação. Compartilhamos da compreensão de educação inclusiva onde para que uma prática de educação inclusiva aconteça é necessário, além de leis, decretos e portarias, que a escola esteja preparada para trabalhar com todos indistintamente, independente de suas diferenças ou características individuais (Miranda, 2003). A partir daí, nosso objetivo é apresentar a experiência da dança enquanto um olhar sobre o movimento do corpo diferente que pensa, interage, sente; com um olhar sobre o movimento desse corpo no sentido de fazer um resgate cultural junto a historicidade. Sabemos que a pessoa com deficiência tem sua importância e contribuição no contexto histórico e social em toda sua trajetória por isso temos que continuar fortalecendo essa proposta. Ao longo de sua existência a Associação Cultural para Deficientes - CG tem cumprido um papel social muito importante, possibilitando com que pessoas com deficiência possam vencer suas barreiras sociais e pessoais através da dança.