OS CONTEÚDOS DA BIOLOGIA, NO CONTEXTO ESCOLAR, TORNAM COGNOSCÍVEL A MASSA ORGÂNICA QUE NOS COMPÕE ATRAVÉS DA NARRATIVA CIENTÍFICA COM VOCABULÁRIO, MORFOLOGIA E FUNÇÕES ESPECÍFICAS. ENTRE VARIADOS CONTEÚDOS SOBRE ÓRGÃOS E SISTEMAS, HÁ AQUELE QUE NOS INFORMA DA ATIVIDADE SEXUAL HUMANA E NOS APRESENTA NOSSO SISTEMA GENITAL. O PRESENTE TRABALHO PROPÕE UMA ANÁLISE SOCIOLÓGICA DOS ENUNCIADOS BIOLÓGICOS SOBRE A SEXUALIDADE HUMANA CONTIDOS EM LIVROS DIDÁTICOS DE CIÊNCIAS, COMPREENDENDO-OS COMO UMA TECNOLOGIA DE PRODUÇÃO CORPORAL. ADOTO COMO PERSPECTIVA ANALÍTICA A GENEALOGIA DE MICHEL FOUCAULT, BUSCANDO INVESTIGAR AS PRÁTICAS QUE OBJETIVAM/SUBJETIVAM OS SUJEITOS ATRAVÉS DA FORMAÇÃO DE SABERES. O “SEXO NATURAL” DESCRITO NOS MATERIAIS ANALISADOS CIRCUNSCREVE A FUNÇÃO REPRODUTIVA COMO O SIGNO CENTRAL DA SEXUALIDADE HUMANA. ESSA NARRATIVA AFASTA DA CONDIÇÃO DE NORMALIDADE PRÁTICAS DIVERSAS COMO A SEXUALIDADE DA PESSOA IDOSA, RELAÇÕES ENTRE PESSOAS DO MESMO SEXO, O EXERCÍCIO DA SEXUALIDADE COM FINS RECREATIVOS, ENTRE OUTROS. NO ENTANTO, NESSE PROCESSO RECONHECE NO MACHO HUMANO A EXCITAÇÃO, O PRAZER E O GOZO ENQUANTO ÀS FÊMEAS ATRIBUI EXCLUSIVAMENTE A FUNÇÃO REPRODUTIVA, SILENCIANDO SOBRE AS GLÂNDULAS DE LUBRIFICAÇÃO VAGINAL, O CLITÓRIS E A EJACULAÇÃO FEMININA, POR EXEMPLO. DISCUTE-SE COMO A DIVISÃO SEXUAL É OPERADA EM CONJUNTO COM UMA ECONOMIA DOS CORPOS QUE FAZ DO SEXO UMA EXPERIÊNCIA DE GÊNERO E COMO AS NOÇÕES DO QUE É NATURAL FORMAM A FRONTEIRA DO QUE SE CONSIDERA ABJETO. DESSA MANEIRA, A DISCUSSÃO SOBRE A IDEOLOGIA DE GÊNERO É PROBLEMATIZADA E REPOSICIONADA NO NÍVEL DA DESNATURALIZAÇÃO DA PRÓPRIA NOÇÃO DE SEXO.