ESTE ENSAIO VISA REFLETIR SOBRE ELEMENTOS DO FILME “ROMA”, DE ALFONSO CUARÓN, ACERCA DE RELAÇÕES PESSOAIS, DE GÊNERO, SOCIAIS, ETC. A OBRA NOS APRESENTA A FAMÍLIA DE CLASSE MÉDIA COMPOSTA POR SOFIA, SEU MARIDO, QUATRO FILHOS, SUA MÃE, E AS EMPREGADAS ADELA E CLEO. ATRAVÉS DE SOFIA E PRINCIPALMENTE SOB A PERSPECTIVA DE CLEO, ROMA TRAZ DUAS CHAVES PARA ENTENDER A CONDIÇÃO FEMININA PÓS-COLONIAL: A MATERNIDADE E O TRABALHO DOMÉSTICO. AS EXPERIÊNCIAS DE CLEO SÃO ENTRELAÇADAS COM AS DA PATROA, DESTACANDO NÍTIDAS DESIGUALDADES ENTRE AS DUAS MULHERES DE DIFERENTES CLASSES SOCIAIS E ÉTNICAS. A SOCIEDADE ATUAL E A COLONIAL SE CONECTAM MEDIANTE O TRABALHO DOMÉSTICO GENERIFICADO E RACIALIZADO, QUE PERPETUA AS RELAÇÕES DE PODER ARQUITETADAS NO COLONIALISMO. SOBRE A RELAÇÃO ENTRE AS DUAS, A NARRATIVA PERCORRE NUM FIO QUE SE APOIA NAS COSTURAS ENTRE SUAS DIFERENÇAS, SEMELHANÇAS, E SUAS MATERIALIZAÇÕES DAS CONDIÇÕES FEMININAS. ESSA DINÂMICA FAMILIAR AMBÍGUA, QUE ORA APROXIMA AFETUOSAMENTE, ORA DESUMANIZA, REFLETE AS DESIGUALDADES DE CLASSE, ETNIA E GÊNERO PERSISTENTES NAS SOCIEDADES LATINO-AMERICANAS, E EM OUTRAS CULTURAS MARCADAS POR HIERARQUIAS SOCIAIS DELIMITADAS. A VISÃO COLONIZADORA SOBRE A COLONIZADA PARECE SER ASSIMILADA POR CLEO, QUE APARENTEMENTE NÃO AGE SOBRE SUA CONDIÇÃO SUBALTERNA. MESMO COM ALTOS E BAIXOS, A NARRATIVA EVIDENCIA UM FINAL: AS COISAS CONTINUAM IGUAIS. CLEO É DIGNA DE EMPATIA, MAS NÃO SAIRÁ DAQUELA SITUAÇÃO. É PERCEPTÍVEL A MANUTENÇÃO DA LÓGICA COLONIAL. SEM UM DESFECHO, SEM INSINUAÇÃO RUMO A UM FINAL – FELIZ OU INFELIZ.