A DISCUSSÃO ABORDADA NESTE EXPOSTO FAZ PARTE DO RECORTE DE UMA CARTOGRAFIA, INICIADA EM JANEIRO DE 2018, NA CIDADE DE FARO, NO INTERIOR DO ALGARVE, EM PORTUGAL, E QUE SEGUE EM DESENVOLVIMENTO NA CIDADE DE IGUATU, INTERIOR DO CEARÁ, NO BRASIL. ESTE ARTIGO TEM COMO INTERESSE DISCUTIR COMO SÃO NEGOCIADOS OS PRAZERES E AS PRÁTICAS DISSIDENTES ENTRE HOMENS EM CIDADES DO INTERIOR E QUE POSSUEM MENOS DE 120 MIL HABITANTES, UTILIZANDO, COMO FERRAMENTA, O APLICATIVO NORTE-AMERICANO PARA ENCONTROS: O GRINDR. ENTRE CONVERSAS E ENCONTROS, É PRODUZIDA UMA NARRATIVA ATRAVESSADA PELA MEMÓRIA E QUE SE ENVOLVE EM UMA ANÁLISE DE PRÁTICAS COM HOMENS QUE NÃO SE IDENTIFICAM COMO ʽGAYSʼ E QUE ʽPRESERVAM-SEʼ AO MÁXIMO. SEM FOTO DE PERFIL, DISCRETOS, NA BUSCA DE ALGO RÁPIDO, ÀS ESCONDIDAS POR NÃO SEREM “IGUAIS AOS OUTROS”, ESTES NEGOCIAM VISIBILIDADES EM TORNO DE SEGREDOS E DA PRIVACIDADE; EM ANONIMATO, AS INSTÂNCIAS REGULADORAS E NORMALIZADORAS PARECEM PRODUZIR CENSURAS MAIS REFINADAS, DITANDO OS CORPOS APTOS PARA O ENCONTRO OU NÃO: UMA HIERARQUIA ERÓTICA DO DESEJO. O APLICATIVO PODE SER ZONA DE TENSÃO NA BUSCA DE VIVER OS PRAZERES SEM PERCEBER OS PRECONCEITOS QUE ENTRAM EM JOGO. NESTA ECONOMIA DO DESEJO, OS ENCONTROS MEDIADOS PELO APLICATIVO APRESENTARAM POSSÍVEIS COOPTAÇÕES SUTIS ÀS NORMAS HEGEMÔNICAS QUE SE MANTÊM CRISTALIZADAS, PERMITINDO A EXPERIMENTAÇÃO ERÓTICA E DISSIDENTE, MAS QUE PARECEM NÃO AFETAR A ESTRUTURA NORMATIVA E DE PODER QUE IMPERA NO COTIDIANO DE IGUATU-FARO, FAVORECENDO, DE MODO ANÔNIMO, OS LEGADOS NORMATIVOS, RELIGIOSOS, MATRIMONIAIS E SOCIOCULTURAIS QUE ATUAM CONTRA AS DISSIDÊNCIAS.