A PARTIR DE UMA ANÁLISE SOBRE A PRODUÇÃO DE JOHN DUGDALE (1960), FOTÓGRAFO AMERICANO TORNADO CEGO NOS ANOS 1990 POR COMPLICAÇÕES DECORRENTES DO HIV, SE ABORDARÁ AS IMPLICAÇÕES NA SUA ESCOLHA EM CONTINUAR FOTOGRAFANDO MESMO COM ESTA RESTRIÇÃO OCULAR. DERRIDA CONCEITUOU O AUTORRETRATO COMO UM DISPOSITIVO QUE DESVELA UMA CONCEPÇÃO FENOMENOLÓGICA ESPECÍFICA DE UM MUNDO EM QUE A CEGUEIRA, QUANDO SUBSTITUÍDA PELO OLHO PROTÉTICO DA CÂMERA, FAZ CRIAR DESDOBRAMENTOS NA FILOSOFIA E DA HISTÓRIA DA ARTE. A PARTIR DESTA APARENTE CONTRADIÇÃO DE DUGDALE EM OPERAR CEGO ATRAVÉS DE UMA DAS “ARTES DO VISÍVEL”, COMO É A FOTOGRAFIA, SE FORMULA UM TESTEMUNHO POÉTICO DE UM DOS POUCOS SOBREVIVENTES DESTA GERAÇÃO DIZIMADA PELO VÍRUS. AO CONTINUAR PRODUZINDO ATÉ HOJE, DUGDALE LEVA SUA ARTE AO LIMITE DE UMA AFIRMAÇÃO DA VIDA AO PRODUZIR AUTORRETRATOS EM QUE RECRIA CÓDIGOS TANTO DO CLASSICISMO (AO UTILIZAR ELEMENTOS DO MEMENTO MORI) COMO DE UM HOMOEROTISMO QUE RESGATA NA CONTEMPORANEIDADE REFERÊNCIAS AOS PRIMÓRDIOS DA REPRESENTAÇÃO DO CORPO MASCULINO NA FOTOGRAFIA, COMO VON GLOEDEN OU GUGLIELMO PLUSHOW; DESTA FORMA TENSIONA O PASSADO PARA SE LANÇAR AO FUTURO, ADIANDO ASSIM A MORTE.