ESTE TEXTO ANALISA AS EXPERIÊNCIAS DE ELABORAÇÃO DE SI DE MURILO ARAÚJO E SAMUEL GOMES EM SEUS CANAIS NO YOUTUBE, “MURO PEQUENO” E “GUARDEI NO ARMÁRIO” RESPECTIVAMENTE, COM FOCO NAS NARRATIVAS REFERENTES ÀS MARCAS DA VIOLÊNCIA E DE RESISTÊNCIA ÀS OPRESSÕES. UTILIZAMOS UMA PERSPECTIVA TEÓRICO-METODOLÓGICA ORIENTADA PELA “ESCRITA DE SI” DE MARGARETH RAGO (2013), TENSIONADA E AMPLIADA PELO PENSAMENTO DE GRADA KILOMBA (2019) EM UMA ARTICULAÇÃO INTERSECCIONAL. A PARTIR DA REFLEXÃO SOBRE OS LUGARES DE FALA (RIBEIRO, 2017) DE MURILO E SAMUEL ENQUANTO BICHAS PRETAS, UM LUGAR SOCIAL MARCADO POR MÚLTIPLAS OPRESSÕES, ENTRE O OBJETO E O ABJETO (COSTA, 2017), COMPREENDEMOS QUE OS DOIS YOUTUBERS, EMBORA ELABOREM PRINCIPALMENTE SOBRE SI, O FAZEM DE UMA FORMA TAMBÉM COLETIVA. ELES NÃO BUSCAM REPRESENTAR OS OUTROS, OU FALAR PELOS OUTROS, MAS SUA LUTA POR VOZ TOCA MUITOS QUE GUARDAM, EM SUAS TRAJETÓRIAS, QUESTÕES SEMELHANTES, ESPERANDO PARA SEREM FALADAS. TER DIREITO À VOZ É TER DIREITO À EXISTÊNCIA. AS NARRATIVAS DESSES SUJEITOS SE CONSTITUEM EM FALAR APESAR DE TUDO, EM UMA ATITUDE DE ENFRENTAMENTO E ROMPIMENTO COM FLUXOS SILENCIADORES HETEROPATRIARCAIS BRANCOS MARCADA POR UM COMPROMISSO DE PARRÉSIA (RAGO, 2013), POSSIBILITANDO NOVOS MODOS DE (RE)EXISTÊNCIA DOS CORPOS BICHAS, NEGROS E REIVINDICANDO OUTRAS POSSIBILIDADES DE MASCULINIDADE.