DISCUSSÕES SOBRE TERRITORIALIDADE TÊM GANHADO CADA VEZ MAIS ESPAÇO ENTRE A COMUNIDADE LGBTQIA+. NAS ÚLTIMAS CINCO DÉCADAS, TIRAR "DO ARMÁRIO” O CONCEITO DE COLETIVIDADE SOCIAL DA POPULAÇÃO GAY RESULTOU NA DIMENSÃO IDENTITÁRIA DESTA PARCELA POPULACIONAL COM A CIDADE QUE, ASSIM COMO OUTRAS, CONSTRÓI RELAÇÕES DE PERTENCIMENTO COM O ESPAÇO APROPRIADO COMO TERRITÓRIO (SANTOS, 1994). POR MUITO TEMPO, O GUETO GAY ESTEVE ASSOCIADO À PROMISCUIDADE E AO SUBMUNDO DOS PRAZERES NOTURNOS, DESPROVIDO DE DECÊNCIA E VINCULADO ÀS PERVERSÕES SOCIAIS, PROSTITUIÇÃO E INVERSÃO DA MORALIDADE VIGENTE. ESSA COMBINAÇÃO TALVEZ TENHA ATÉ MESMO SE CONSOLIDADO ACIDENTALMENTE, SE LEVARMOS EM CONSIDERAÇÃO A PRODUÇÃO DO ESPAÇO GEOGRÁFICO GERADO A PARTIR DAS RELAÇÕES SOCIAIS E A CONSTRUÇÃO SIMBÓLICA SEGUNDO A DETENÇÃO TERRITORIAL DE PODER (CHELOTTI, 2010), QUE CERCA ESTES TERRITÓRIOS DESDE 1970. O QUE TAMBÉM NOS FAZ LEMBRAR, DAS DISCUSSÕES SOBRE REGIÃO MORAL AFERIDAS SOBRE ESSAS ÁREAS (PERLONGHER, 1987), UMA VEZ QUE INDIVÍDUOS ALI SE AGLOMERAM COM O MESMO OBJETIVO COMUM. ATUALMENTE, O CONCEITO GAY FRIENDLY DEFINE BEM ESSA IDENTIDADE TERRITORIAL; CONTUDO, AO MESMO TEMPO EM QUE AGREGA SOCIALMENTE, SEGREGA POR BARREIRAS INVISIVELMENTE NÍTIDAS E, POR MAIS QUE TENHA SE MODIFICADO CONCEITUALMENTE, AINDA SE RELACIONA, MESMO QUE ATRATIVAMENTE, À DEVASSIDÃO PEJORATIVA AO DETER RESQUÍCIOS DA IMORALIDADE TOLERÁVEL EM SUAS PRÁTICAS. ENTRE BARES, BOATES, PONTOS DE MICHÊS E ESQUINAS DE MUITA “FERVEÇÃO”, AS SAUNAS E DARKROOMS ASSUMEM, ARQUITETONICAMENTE, ESTA ASSOCIAÇÃO IDENTITÁRIA. CIDADES COMO SÃO PAULO E BRUXELAS NOS CHAMAM A ATENÇÃO PARA RECONHECER, POR ESTE TRABALHO, A TERRITORIALIDADE MORAL, PRESSUPOSTA COMO IMORAL, DA COMUNIDADE GAY.