COMO O MUNDO SE APRESENTA PARA AS MENINAS, POR MEIO DOS DIVERSOS DISCURSOS E PRÁTICAS SOCIAIS, DESDE O NASCIMENTO? O QUE LHES É ENSINADO SOBRE AFETOS, SENSAÇÕES E FORMAS DE EXISTIR EM RELAÇÃO AOS SEUS CORPOS, GÊNEROS E SEXUALIDADES? DESDE O NASCIMENTO, OS CORPOS SÃO INTERPELADOS POR CONSTRUÇÕES SOCIAIS QUE IMPÕEM MODELOS UNIVERSAIS DE SER, ESTAR, VIVER, DESEJAR E AMAR. DESSE MODO, OS GÊNEROS E AS SEXUALIDADES SÃO REITERADAMENTE ENSINADOS, SUGERIDOS E PROMOVIDOS. DESTA MANEIRA, A CISHETERONORMATIVIDADE INSTITUI-SE COMO “NATURAL” E “REFERÊNCIA” A PARTIR DE UM PROCESSO DE PEDAGOGIZAÇÃO E NORMALIZAÇÃO DE DETERMINADAS REGRAS DE EXISTÊNCIA, PRODUZINDO E VIABILIZANDO EXCLUSÕES E VIOLÊNCIAS. PARTINDO DESSE PRESSUPOSTO, APOIAMO-NOS NA ANÁLISE DAS NARRATIVAS DE MEMÓRIAS DE INFÂNCIA DISSIDENTES, A PARTIR DA COLETÂNEA CHONGUITAS: MASCULINIDADES DE NIñAS, A QUAL REÚNE NARRATIVAS DE MULHERES LÉSBICAS, HETEROSSEXUAIS E HETEROSSEXUAIS NÃO ORTODOXAS, DE PAÍSES COMO CHILE, PERU, MÉXICO, ARGENTINA E ESPANHA. ASSIM, O OBJETIVO DESTE TRABALHO É COMPREENDER, A PARTIR DE REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO VINCULADO À EPISTEMOLOGIA DOS ESTUDOS FEMINISTAS E DOS ESTUDOS QUEER, COMO A INFÂNCIA SE CONFIGURA COMO UM TEMPO DE INTERDIÇÃO DOS SENTIDOS E DAS EXPERIÊNCIAS COM O CORPO, COM A SEXUALIDADE E COM O GÊNERO, NO ESPAÇO FAMILIAR. POR FIM, ENTENDEMOS QUE AS NARRATIVAS DE MEMÓRIAS DE INFÂNCIA PODEM SE APRESENTAR COMO TRANSGRESSÕES E RESISTÊNCIAS AO BINARISMO DA CISGENERIDADE, DAS FRONTEIRAS DA HETERONORMA E DOS DUALISMOS HOMEM/MULHER E MASCULINO/FEMININO, QUE CERCEIAM E IMPEDEM O TRÂNSITO LIVRE ENTRE AS POSSIBILIDADES DO SER/ESTAR, DO DESEJAR E DO SENTIR.