APÓS A INDEPENDÊNCIA, AS QUESTÕES LINGUÍSTICAS PASSARAM A FAZER PARTE DA ORDEM DO DIA DOS ERUDITOS DO BRASIL. COM A CHEGADA DA IMPRENSA, HOUVE UMA PROFUSÃO DE OBRAS DOS MAIS DIVERSOS TIPOS, INCLUSIVE AS LITERÁRIAS. UM DOS ASPECTOS MAIS MARCANTES DO PERÍODO FOI O NACIONALISMO, QUE GANHA FORÇA NO ROMANTISMO, COM A BUSCA PELA “COR LOCAL”, RESULTANDO INCLUSIVE NO CHAMADO “ROMANCE INDIANISTA”. A REAFIRMAÇÃO IDENTITÁRIA PERPASSAVA TAMBÉM AS QUESTÕES LINGUÍSTICAS E, DESDE ENTÃO, OS AUTORES PASSARAM A REGISTRAR, EM SUAS CRIAÇÕES, CERTOS “BRASILEIRISMOS”, QUE ERAM, MUITAS VEZES, ALVO DE CRÍTICAS CONTUNDENTES DOS MAIS CONSERVADORES. JOSÉ DE ALENCAR FOI UM DOS PIONEIROS NESSE REGISTRO E, POR ESSA RAZÃO, FOI DURAMENTE ACUSADO PRINCIPALMENTE PELO CRÍTICO PORTUGUÊS PINHEIRO CHAGAS. ASSIM, É COMUM ASSOCIAR A FIGURA DE ALENCAR À DE UM AUTÊNTICO DEFENSOR DO PORTUGUÊS BRASILEIRO. ENTRETANTO, AO SE EXAMINAREM OS TEXTOS QUE FIGURAM COMO “RESPOSTAS” DO AUTOR AOS ATAQUES SOFRIDOS, É POSSÍVEL NOTAR CERTA CONTRADIÇÃO NESSA POSTURA; ELE MESMO, ÀS VEZES, TENDE AO PURISMO PARA JUSTIFICAR DETERMINADOS USOS. NESSE SENTIDO, O PRESENTE TRABALHO TEM COMO OBJETIVO REFLETIR SOBRE AS CONTRIBUIÇÕES E AS CONTRADIÇÕES DE JOSÉ DE ALENCAR NAS QUESTÕES LINGUÍSTICAS EM VOGA NO SÉCULO XIX. PARA TANTO, FOI SELECIONADO UM CORPUS COMPOSTO PELOS SEGUINTES TEXTOS: POSCRITO (1865); PÓS-ESCRITO (1870); E BÊNÇÃO PATERNA (1872). NÃO SE TRATA, PORTANTO, DOS TEXTOS LITERÁRIOS ALENCARIANOS, SOBEJAMENTE CONHECIDOS E ANALISADOS, MAS SIM DE TEXTOS DE MENOR DIVULGAÇÃO, PUBLICADOS COMO PREFÁCIOS OU POSFÁCIOS DE DETERMINADAS EDIÇÕES DE SUAS OBRAS LITERÁRIAS. AS BASES METODOLÓGICAS FUNDAMENTAM-SE NOS PRECEITOS DA HISTORIOGRAFIA LINGUÍSTICA, SEGUINDO OS POSTULADOS DE KOERNER 2014 [1995]; PALMA [2013]; SWIGGERS, 2009; 2010. ASSIM, TRATA-SE DE UMA PESQUISA DOCUMENTAL E BIBLIOGRÁFICA, TAL COMO PRECONIZA GIL (2002). O REFERENCIAL TEÓRICO QUE NORTEOU NOSSA ANÁLISE BASEIA-SE SOBRETUDO EM FÁVERO; MOLINA (2009); ORLANDI (2013); PINTO (1978). OS RESULTADOS DA ANÁLISE EMPREENDIDA CORROBORAM OS JÁ APONTADOS POR PINTO (1978), NO SENTIDO DE QUE JOSÉ DE ALENCAR, APESAR DE TER CONTRIBUÍDO PARA A PROPOSITURA DE UM “CISMA GRAMATICAL” – ATÉ HOJE NÃO OCORRIDO –, AINDA GUARDAVA TRAÇOS DE PURISMO E, POR ISSO, NÃO PODE SER CONSIDERADO UM DEFENSOR INTEGRAL DO PORTUGUÊS BRASILEIRO, POIS, INÚMERAS VEZES, VALE-SE DA GRAMÁTICA LUSITANA PARA JUSTIFICAR ALGUNS DE SEUS USOS, TIDOS COMO “INCORRETOS” POR ALGUNS DE SEUS CENSORES.