A FIGURA DO VAQUEIRO, QUANDO REPRESENTADO IMAGETICAMENTE NAS MAIS VARIADAS FORMAS ARTÍSTICAS, QUASE SEMPRE ESTÁ AO LADO (OU SOBRE) DE SEU CAVALO. NO LIVRO FIDALGOS E VAQUEIROS, DE EURICO ALVES BOAVENTURA, PUBLICADO EM 1989, O SERTANEJO MANEJA SEU CAVALO COM GRANDE DESTREZA, DE UMA FORMA QUE ACENTUA A VIRILIDADE DO SUJEITO. O CENTAURO, COMO MENCIONA O AUTOR, É A CRIATURA QUE SURGE DA MESCLA DO HOMEM E DO EQUINO, QUE GANHA UMA POTENCIA EM VELOCIDADE E FORÇA, CRIATURA QUE ENCANTA OS OBSERVADORES DE SUA PASSAGEM “ALUCINADA”, QUE É BEM RECEBIDO PELA PAISAGEM QUE O ACOLHE. A RETOMADA DO VAQUEIRO COMO SÍMBOLO NACIONAL, FOI UMA RESPOSTA DE EURICO ALVES PARA O APAGAMENTO DO PASSADO FIDALGO-PASTORIL DO INTERIOR BAIANO, MAS TAMBÉM UMA RESISTÊNCIA A FEMINILIZAÇÃO MASCULINA, COM OS NOVOS MODELOS DE HOMEM DA REPÚBLICA, COMO APRESENTA ALBUQUERQUE JR. (2013). DESNATURALIZAR O LUGAR SOCIAL COMUMENTE ATRIBUÍDO AO MASCULINO, AMPLIANDO AS POSSÍVEIS RELAÇÕES ENTRE CORPO-SEXO-GÊNERO-SEXUALIDADE, POSSIBILITA PERCEBER O TEMOR DO MAGISTRADO COM A FRAGILIZAÇÃO DA NAÇÃO COM A PERDA DA VIRILIDADE COMO CARACTERÍSTICA ESSENCIAL DOS HOMENS DA NAÇÃO. O CENTAURO, OBSERVADO TANTO EM ALENCAR, CUNHA, COMO EM BOAVENTURA, A PARTIR DAS LEITURAS DE PERFORMATIVIDADE, DE BUTLER (2016), DAS TECNOLOGIAS, DE PRECIADO (2017) E DO CIBORGUE, DE HARAWAY (2009), ROMPE COM UMA PERCEPÇÃO BIOLÓGICA DO CORPO E A MANUTENÇÃO DO DOMÍNIO MASCULINO DA NAÇÃO. DESVILIZANDO O VAQUEIRO E CONSTRUINDO OUTRAS FORMAS POSSÍVEIS DE SER HOMEM.