PROPOMOS DISCUTIR OS PRINCÍPIOS EPISTEMOLÓGICOS DA TEORIA ENUNCIATIVA DE BENVENISTE PRESENTES NA CLÍNICA FONOAUDIOLÓGICA QUE TRATA O AUTISMO, A PARTIR DE RECORTES ENUNCIATIVOS ORIUNDOS DA CLÍNICA. O PRESENTE TRABALHO TRATA-SE DE UMA PESQUISA QUALITATIVA DO TIPO ESTUDO BIBLIOGRÁFICO ONDE PRETENDEMOS REUNIR DISCUSSÕES ENTRE DIVERSOS AUTORES QUANTO AOS PRINCÍPIOS EPISTEMOLÓGICOS DE ÉMILE BENVENISTE, QUE INDICAM CONDIÇÕES DE POSSIBILIDADES DE REFLETIR A LINGUAGEM DO AUTISTA NO CONTEXTO DA CLÍNICA FONOAUDIOLÓGICA, SOB O FIO CONDUTOR DA TEORIA ENUNCIATIVA. APRESENTAREMOS RECORTES ENUNCIATIVOS DE MOMENTOS DE INTERAÇÃO ENTRE UMA CRIANÇA COM 7 ANOS DE IDADE E COM DIAGNÓSTICO DE AUTISMO, DIANTE DE SUA FONOAUDIÓLOGA. AS MÁXIMAS BENVENISTIANAS PÕEM O HOMEM NO CENTRO DA LÍNGUA/LINGUAGEM E PERMITE-NOS PERCEBER O MOVIMENTO LINGUÍSTICO SINGULAR DO SUJEITO DIAGNOSTICADO COM O TRANSTORNO, EMBORA O AUTOR NÃO TENHA DEDICADO SEUS ESTUDOS À FALA DESVIANTE. NESSE ASPECTO, PENSAR NO QUE ACONTECE COM A LINGUAGEM, A LÍNGUA E O FALANTE, NOS OBRIGA A REFLETIR SOBRE AS BASES EPISTEMOLÓGICAS QUE FUNDAMENTARIAM UMA CLÍNICA QUE COMPORTA REFLEXÕES ORIUNDAS DA INTERLOCUÇÃO ENTRE A FONOAUDIOLOGIA E A LINGUÍSTICA, QUANDO O QUE ESTÁ EM JOGO É A LINGUAGEM E O SUJEITO QUE SOFRE PELO EFEITO DE UMA CONDIÇÃO SINTOMÁTICA. APROXIMAMO-NOS DE UMA CLÍNICA QUE DESTACA O PAPEL CONSTITUTIVO DA LINGUAGEM AO CONSIDERAR A IMPORTÂNCIA DO SUJEITO E A SUA RELAÇÃO COM A LINGUAGEM, PARA PENSAR EM UMA CLÍNICA ENUNCIATIVA, HERDEIRA DA TRADIÇÃO BENVENISTIANA, NA QUAL FALAR É SEMPRE FALAR PARA O OUTRO E ONDE O SUJEITO SE REFAZ SE TORNANDO EFEITO A CADA NOVO USO DA LÍNGUA. O PONTO DE CHEGADA DA DISCUSSÃO É QUE A EPISTEMOLOGIA DE BENVENISTE INAUGURA UMA CISÃO DO QUE JÁ ERA CONHECIDO NA LINGUÍSTICA. CONCORDAMOS COM FIORIN (2017, P. 971) QUE “A QUESTÃO MAIS IMPORTANTE QUE BENVENISTE FORMULA, EM SEUS ESTUDOS DE LINGUÍSTICA GERAL, É AQUELA QUE POSSIBILITA PASSAR DA LÍNGUA PARA A FALA” E SUSCITA UM CONJUNTO DE CATEGORIAS: A PESSOA, O ESPAÇO E O TEMPO, QUE BENVENISTE VAI CHAMAR DE APARELHO FORMAL DA ENUNCIAÇÃO. DIANTE DA EVIDÊNCIA ENUNCIATIVA, ACREDITAMOS QUE ELA É NECESSÁRIA ÀS LÍNGUAS, POIS TODAS PRECISAM SER ENUNCIADAS, TORNA-SE UMA NECESSIDADE, VISTO QUE AS CATEGORIAS DE PESSOA, TEMPO E ESPAÇO ASSUMEM FORMAS ESPECÍFICAS EM DIFERENTES LÍNGUAS. A CLÍNICA, INFLUENCIADA PELOS PRECEITOS TEÓRICOS DA LINGUÍSTICA ENUNCIATIVA BENVENISTIANA, RETOMA SEU OBJETO DE ESTUDO, A LINGUAGEM, PELO VÍEIS DAQUELE QUE FALA, NÃO APENAS E TÃO SOMENTE, PELO SINTOMA. HÁ, PORTANTO QUE SE PENSAR NO DIRECIONAMENTO DO OLHAR FONOAUDIOLÓGICO À TRÍADE SUJEITO-LÍNGUA-LINGUAGEM NO SENTIDO DE UM SÓ CORPO QUE SE COMPORTA E OCUPA LUGARES ÚNICOS A CADA VEZ QUE A LÍNGUA/LINGUAGEM É POSTA EM AÇÃO.