A VIOLÊNCIA É DEFINIDA PELA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE COMO O “USO INTENCIONAL DA FORÇA OU PODER EM UMA FORMA DE AMEAÇA OU EFETIVAMENTE, CONTRA SI MESMO, OUTRA PESSOA OU GRUPO OU COMUNIDADE, QUE OCASIONA OU TEM GRANDES PROBABILIDADES DE OCASIONAR LESÃO, MORTE, DANO PSÍQUICO, ALTERAÇÕES DO DESENVOLVIMENTO OU PRIVAÇÕES” (2002, P.5). EM RELAÇÃO À VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER NO BRASIL, OS DADOS ESTATÍSTICOS ALARMANTES SOBRE AS VÍTIMAS (BRASIL, 2020) E OS ESTUDOS DAS ESTRUTURAS CONCEPTUAIS RELACIONADAS A CATEGORIA VIOLÊNCIA PARECEM ESTAR FORTEMENTE LIGADOS A FATORES SOCIOCOGNITIVOS E CULTURAIS. NESSE SENTIDO, A LINGUÍSTICA COGNITIVA PROPÕE UMA MUDANÇA DE VISÃO NA BUSCA DA COMPREENSÃO DO FENÔMENO DA SIGNIFICAÇÃO E DOS PROCESSOS DE CONCEPTUALIZAÇÃO TORNANDO INDISPENSÁVEL CONSIDERAR NAS INVESTIGAÇÕES LINGUÍSTICAS O PAPEL DO FALANTE E DO OUVINTE, OS PRINCIPAIS PERSONAGENS NO USO DA LÍNGUA. ISSO PORQUE, SEGUNDO A ABORDAGEM COGNITIVISTA, OS FALANTES ORGANIZAM ESTRATÉGIAS DISCURSIVAS E COGNITIVAS PARA COMPREENDER CONCEITOS COMPLEXOS E ABSTRATOS, COMO A VIOLÊNCIA, ALÉM DE SEUS EFEITOS. PARTINDO DE TAL CONTEXTO, ESTE TRABALHO APRESENTA UM RECORTE DA ANÁLISE DA DISSERTAÇÃO EM ANDAMENTO DA AUTORA PRINCIPAL. O OBJETIVO É INVESTIGAR A CONCEPTUALIZAÇÃO DE VIOLÊNCIA PRESENTE NA METÁFORA CONCEPTUAL VIOLÊNCIA É CAÇA, QUE EMERGE EM UM CORPUS COMPOSTO POR 112 RELATOS DE EXPERIÊNCIA PROTAGONIZADOS POR MULHERES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA DE GÊNERO. OS DADOS FORAM GERADOS EM GRUPOS VIRTUAIS DA REDE SOCIAL FACEBOOK. PARA COMPREENDER COMO A CATEGORIA VIOLÊNCIA É ESTRUTURADA CONCEPTUALMENTE POR ESSAS MULHERES, OS DADOS SÃO ANALISADOS QUANTITATIVA E QUALITATIVAMENTE, À LUZ DO PARADIGMA INTERPRETATIVISTA, TENDO COMO NORTE A VISÃO MULTINÍVEIS DA METÁFORA CONCEPTUAL (KÖVECSES, 2017) QUE INCLUI OS CONCEITOS DE ESQUEMAS IMAGÉTICOS, DOMÍNIOS, FRAMES E ESPAÇOS MENTAIS. EM TERMOS METODOLÓGICOS, A PESQUISA APLICA PROCEDIMENTOS ORIUNDOS DA LINGUÍSTICA DE CORPUS PARA GERAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DOS DADOS. PRIMEIRAMENTE, FOI REALIZADA A LEITURA DO CORPUS PARA A IDENTIFICAÇÃO MANUAL DAS METÁFORAS SEGUINDO O MÉTODO MIP – METAPHOR IDENTIFICATION PROCEDURE (PRAGGLEJAZ GROUP, 2007). EM SEGUIDA, UTILIZAMOS O DICIONÁRIO ELETRÔNICO HOUAISS (HOUAISS, 2009) PARA A VERIFICAÇÃO DA EXISTÊNCIA DE PALAVRAS COM SIGNIFICADOS RELACIONADOS À AÇÃO CORPORAL QUE PUDESSEM SUBSTITUIR AS EXPRESSÕES METAFÓRICAS ENCONTRADAS. NESSA ETAPA, ALGUMAS METÁFORAS CONCEPTUAIS FORAM ELENCADAS, TAL QUAL A ESCOLHIDA PARA ANÁLISE NESTE ARTIGO: VIOLÊNCIA É CAÇA. PARA MAIOR OTIMIZAÇÃO DA BUSCA PELAS OCORRÊNCIAS DAS EXPRESSÕES METAFÓRICAS RELACIONADAS À METÁFORA CONCEPTUAL VIOLÊNCIA É CAÇA, A FERRAMENTA CONCORDANCE DO SOFTWARE ANTCONC 3.2.4 (ANTHONY, 2012) FOI UTILIZADA. PARA A ANÁLISE DO PRESENTE ESTUDO, FORAM SELECIONADOS TRÊS EXCERTOS COM PISTAS LINGUÍSTICAS DAS QUAIS EMERGE A METÁFORA VIOLÊNCIA É CAÇA. NA ETAPA DE ANÁLISE, OBSERVAMOS À LUZ DA VISÃO MULTINÍVEIS DA METÁFORA CONCEPTUAL A CONCEPTUALIZAÇÃO DE VIOLÊNCIA, TENDO COMO DOMÍNIO-FONTE A CAÇA. POR FIM, OS RESULTADOS DA ANÁLISE SÃO RELACIONADOS AOS FATORES SOCIAIS QUE APONTAM POSSÍVEIS CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS DESSE DISTÚRBIO SOCIAL. OS RESULTADOS MOSTRAM QUE A CONCEPTUALIZAÇÃO DE VIOLÊNCIA EMERGENTE DOS RELATOS APONTA PARA A EXISTÊNCIA DE UMA CONSTRUÇÃO CULTURAL QUE PARECE ESTRUTURAR ESSA CATEGORIA. TAL MOLDE CULTURAL PARECE TER COMO CONSEQUÊNCIA O COMPORTAMENTO VIOLENTO CONTRA AS MULHERES, QUE SÃO CONCEPTUALIZADAS COMO ANIMAIS PASSÍVEIS DE SEREM SUBJUGADOS POR UM INDIVÍDUO SUPOSTAMENTE MAIS FORTE.