Diante da diversidade de debates acerca das relações entre pessoas do mesmo sexo, muitos discursos são formados a partir do lugar de cada ator social, dessa forma, cada membro da sociedade assumiu uma postura frente ao tema em questão na Contemporaneidade. Se de um lado gays, lésbicas, Transexuais e bissexuais articulam discursos em defesa à diversidade sexual, do outro há muitos religiosos que buscam conscientizar as sociedades de que tais comportamentos são imorais, nesta busca pela legitimação de seus posicionamentos os documentos pertencentes à Grécia Antiga passam por um processo de apropriação onde cada leitor procura identificar elementos pertencentes a essas a fim de legitimar suas afirmativas. Dessa forma, um grande número de documentos é elaborado a fim de transmitir para a sociedade vieses ideológicos díspares que se confrontam, cotidianamente, formando uma diversidade de posicionamentos que adotam como eixo orientador argumentos que vão desde questões bíblicas, a apropriações de práticas culturais pertencentes a sociedades antigas. Assim, o objeto de estudo que desenhamos diz respeito a, pelo menos, dois modelos de discursos: um exemplo está presente na elaboração de um discurso oficial e articulado contrário às práticas homoeróticas, ao casamento gay e às principais bandeiras dos movimentos LGBT, realizado por membros de Igrejas Católicas, Protestantes e Evangélicos radicais, através de leituras das relações homossexuais de modo homofóbico. Outro modelo de discursivo defende a diversidade sexual; trata-se de uma apropriação das relações de pederastia entre os gregos afirmando que a homossexualidade sempre existiu e na Grécia Antiga foi amplamente aceita, a fim de aplicar às relações homossexuais na sociedade contemporânea ideias que proporcionem uma aceitabilidade dessas relações de modo a lhes “autorizar”, indo contra o fundamentalismo religioso que lhes aplicaram o status de “antinaturais”.