Artigo Anais X CONAGES

ANAIS de Evento

ISSN: 2177-4781

LOIS LANE: O MITO DO FEMININO NA MULHER DE CARNE DAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS DO HOMEM DE AÇO

Palavra-chaves: HISTÓRIA EM QUADRINHOS, LOIS LANE, MITO DO FEMININO Comunicação Oral (CO) Mídias, discursos e questões de gênero
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Publicado em 04 de junho de 2014

Resumo

O presente trabalho tem como propósito confrontar o discurso construído a partir da criação da personagem Lois Lane, em 1938, nas páginas das histórias em quadrinhos do Super-Homem de Jerry Siegel e Joe Shuster, com as reformulações sofridas pelos enredos e a linguagem contemporânea do mito feminino como reminiscência da remitologização na cultura ocidental do século XX e manifestação literária pós-autônoma, expressando comportamentos, percepções e sentidos que dialogam com a mitocrítica contemporânea, bem como vêm sendo apreendidas em abordagens como a de Peter Burke, no conceito de Hibridismo Cultural. Utilizando de pesquisa bibliográfica, verifica-se que os enredos do universo ritualístico da personagem Lois Lane correlacionam as formas clássicas do mito feminino com a realidade histórica que as concebeu, revelando os pormenores das narrativas míticas, sobremaneira as absorvidas entre múltiplas camadas que constroem a linguagem artística atual. Coadjuvante e interesse amoroso do homem de aço, Lois, como “mulher de carne”, desafia um mundo pontuado pelo imaginário fantástico e vive entre estratificações recorrentes da figura feminina, mantendo como traço incontestável na miríade de personificações existentes, a característica originariamente vanguardista da mulher independente revelando de per si uma ideologia reacionária. Uma ambientação multivariada de tradição errática de equipes criativas, compostas essencialmente por diversos roteiristas, ilustradores e editores, dá margem para situações limítrofes e redefinidoras da identidade da personagem, sobretudo atuando sobre esquemas arquétipos da jornada do herói. Conclui-se que Lois Lane extrapola o campo cênico da personagem, adentrando na órbita do ícone cultural e, como tal, não se permite uma identidade imutável, sendo reiteradamente formatada conforme as necessidades dos discursos e, até mesmo, da pontualidade das tendências da indústria cultural, manifestadas segundo os caprichos legítimos do copyright que, por sua vez, revelam-se diametralmente opostos aos intentos dos autores-criadores, conforme o entendimento de Bakhtin.

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