O desenvolvimento tecnológico trouxe diversos instrumentos ao cenário pedagógico dos indivíduos. Dentre estes, se encontra o mercado cinematográfico que, através de suas mídias, difunde ideias com velocidade e eficiência sem precedentes. Por estas características, e por se fazer presente em grande parte do nosso planeta, o cinema se torna um instrumento formador de opiniões. A problemática sobre este mecanismo se encontra na característica difusora de ideais que contribuem para a manutenção de (pre)conceitos que já deveriam ter sido superados ou para a criação de outros ainda não existentes. Estes ideais não são difundidos impositivamente, sendo “mera” reprodução reiterada de esteriótipos femininos/masculinos em filmes, por exemplo, sem uma demonstração de perspectivas diferentes, reafirma estigmas socias historicamente dominantes. Neste raciocínio, faz-se necessário inserir ideias que contemplem toda a sociedade nas manifestações artísticas, a exemplo do cinema; acontecendo a passos lentos com algumas obras cinematográficas cuja trama ocorre entre casais homoafetivos. Sob esta ótica social excludente e heteronormativa, percebemos recente relutância da franquia de cinema em Mossoró/RN, em exibir o filme nacional, “Hoje Eu Quero Voltar Sozinho”. A nota explicativa para tal (des)motivação elencava o fator de que o filme teria público “extremamente direcionado e selecionado”, o que, para a franquia, justificaria a não exibição. Poderia se inferir apenas um receio do cinema em não ter bom retorno financeiro com a obra, mas percebendo o teor do argumento, pressupor que um filme prestigiado internacionalmente não traria bom retorno, é contestável, restando a alternativa de que o problema seria o conteúdo; pondo em questão a ideia do cinema como fomentador de convenções sociais. Questão materializada na relação de passividade do sujeito frente à mídia, facilitando o convencimento das pessoas de algo através da demonstração artística de uma realidade fictícia na qual os valores presentes nesta se evidenciam fortemente no “final feliz” da trama.