Toda ação humana gera resíduos cuja variabilidade pode classifica-los de acordo com sua origem, doméstico, comercial e rural. Evitar a degradação dos recursos ambientais e a contaminação do solo pela disposição inadequada dos diferentes resíduos é medida de urgência e a adoção de sistemas agroecológicos de produção entre os agricultores familiares é uma opção para otimização da eficiência no uso dos recursos naturais, já escassos (NODARI; GUERRA, 2015). A utilização de resíduos orgânicos oriundos da criação de animais é uma alternativa para a fertilização das áreas agrícolas quando manejados corretamente. Além dessa prática, muito comum na atividade agrícola de agricultores familiares, o composto orgânico e o húmus de minhoca, surgem como práticas sustentáveis das áreas produtoras. Dentre os benefícios pode ser citado o aumento da fertilidade do solo, com ganhos expressivos na sustentabilidade dos agroecossistemas, agregando valor à produção agrícola (ALMEIDA; TEIXEIRA, 2017). O húmus de minhoca ainda é uma prática pouco disseminada entre os pequenos agricultores, que poderia contribuir de maneira bastante expressiva na geração de renda e na conservação dos solos. A minhocultura é o resultado da combinação da ação de minhocas e dos micro-organismos que habitam seus intestinos, dando origem a um produto estabilizado. Embora pouco conhecido pelos agricultores, o vermicomposto é, segundo Cotta, et al (2015), um produto altamente rico em nutrientes condicionador das características físicas, químicas e biológicas dos solos, permitindo não só recuperar solos degradados, com importantes reduções nos custos com fatores de produção, mas também poupar o ambiente das poluições, no gerenciamento adequado dos resíduos orgânicos. Para disseminar práticas de conservação do solo é importante considerar a percepção que os agricultores têm e como estes se relacionam com seu espaço e os diferentes saberes. Segundo Dias et al. (2016), a percepção ambiental está relacionada aos tipos de vivências de ordem concreta (a reflexão, a lembrança, a imaginação etc.), e que essa forma de ver influencia o sujeito, em última instância, a adotar determinadas atitudes e valores em relação aos espaços, paisagens, lugares e consequentemente, a um determinado ambiente. Os agricultores são extraodinarios observadores da natureza e suas interligações como um todo dentro dos agroecossistemas em que estão inseridos. Dentre os indicadores de sustentabilidade encontrados em ambiente em equilibrio, as minhocas desempenham papel fundamental, aliando sua presença a boa qualidade do solo, uma vez que a grande maioria dos agricultores reporta a presença destes seres em solos de elevada qualidade produtiva (ZIBETTI; SCHIEDECK , 2013). Objetivou-se verificar o entendimento dos agricultores familiares de três comunidades rurais do município de Coxixola-PB sobre a criação de minhocas e o uso de húmus. O estudo de percepção foi conduzido no núcleo das comunidades rurais de São Joãozinho, Matumbo e Campo do Velho, localidades que pertencem ao município de Coxixola, microrregião do Cariri Ocidental do estado da Paraíba. A ferramenta para coleta de dados foi a entrevista, com roteiro semiestruturado, contendo dez questões que versavam sobre a atividade de minhocultura e uso de húmus. As respostas evidenciaram o desconhecimento dos agricultores quanto à vermicompostagem como atividade promotora da sustentabilidade na destinação dos resíduos sólidos orgânicos e às vantagens do uso do húmus enquanto práticas agroecológicas, conservacionistas e de elevado valor ambiental, apresentando ainda uma visão distorcida sobre a presença destes representantes da macrofauna do solo, evidenciando desconhecimento sobre a importância destes enquanto condicionadores e indicadores da boa qualidade do solo e indicando a necessidade de ações voltadas para disseminação dessa atividade, tanto quanto a adoção de políticas públicas que visem suprir essa carência dos agricultores familiares.