A fragilidade das regiões semiáridas tem sido negligenciada, visto que nessas áreas ainda são adotados modelos agrícolas convencionais, tais como agricultura de corte e queima, resultando no comprometimento da qualidade dos solos. Nesse contexto, os Sistemas Agroflorestais (SAF) têm sido apontados como estratégia de manejo do solo para o semiárido, principalmente pela capacidade de incrementar matéria orgânica ao solo, o que associado à adição de resíduos orgânicos pode reduzir os processos de degradação. Assim, para a região semiárida os SAFs podem ser excelente alternativa, visto que ainda há nessa região fragilidade dos solos quanto ao uso e manejo, historicamente intensivos e baseados no uso do fogo e marcados pela perda de nutrientes do solo. A presença de componentes florestais arbóreos nos SAFs, aliada à biodiversidade de espécies, propicia deposição contínua de resíduos vegetais. Isso facilita a manutenção da matéria orgânica do solo, afetando diretamente os atributos físicos, químicos e biológicos. Os serviços ambientais dos SAFs no semiárido podem ser potencializados pela combinação de práticas já adotadas na região, como o uso de resíduos orgânicos. Dentre os resíduos pode ser utilizado o esterco animal visando fornecimento de nutrientes, bem como a bagana de carnaúba visando a cobertura do solo que contribui para retenção de água, fundamental para a região, considerando principalmente os períodos longos de déficit hídrico. Além disso, a utilização do modelo em aleias com espécies leguminosas como adubo verde pode tornar mais eficiente o papel das agroflorestas na reposição da qualidade dos atributos do solo, principalmente químicos. Diversos estudos têm demonstrado que a fertilidade do solo aumenta em sistemas agroflorestais O objetivo do estudo foi quantificar os efeitos da adoção do manejo de resíduos orgânicos sobre os atributos químicos do solo nas aleias de um Sistema Agroflorestal, manejadas com e sem queima. O estudo foi realizado em Bela Cruz (CE), na localização geográfica de 3º00’39,29”S/40º13’30,38”W, em altitude de 50 m. A área experimental localiza-se em zona transicional com característica fitoecológica do Complexo Vegetacional da zona litorânea, ainda inserido no bioma Caatinga. Geologicamente, a região é denominada como Complexo Nordestino e apresenta relevo suave ondulado e solos da classe Argissolo Vermelho Amarelo (horizonte B textural presente). O clima da região é caracterizado como tropical quente semiárido (BSw’h’), segundo Köppen, com chuvas de fevereiro a maio, precipitação pluvial média anual de 1.096,9 mm e temperaturas médias variando entre 18º e 30º C. No período de realização do estudo, entre os meses de abril e junho, verificou-se médias térmicas de 31°C e taxas de precipitação em 4,0 mm/dia Utilizando parcelas subdivididas, verificou-se o efeito do fogo e dos resíduos orgânicos manejados isoladamente (gliricidia) ou combinados (gliricidia e bagana de carnaúba, gliricidia e biocomposto, e a combinação dos três resíduos. Foi observado que a gliricidia é eficiente no aporte dos nutrientes ao solo, considerando principalmente sua composição química. Observou-se eficácia no uso consorciado dos resíduos orgânicos quanto ao incremento dos nutrientes ao solo, decorrendo da sincronização entre disponibilidade de nutrientes e demanda destes pelo sistema. Logo, SAFs manejados com o consórcio de resíduos orgânicos diversificados é uma alternativa de manejo eficaz no incremento nutrientes e redução na degradação dos solos da região, no qual observou-se a elevação dos teores dos macronutrientes, o aumento dos valores de pH, da CTC, assim como dos micronutrientes