O interesse pelo estudo de tendências de extremos climáticos aumentou nas últimas décadas com a formulação de índices robustos que possam representar tais eventos extremos (Zhang e Yang, 2004, Hayloch et al, 2006, Dantas et al, 2015). A melhor fonte de dados para estes estudos é a proveniente de medições in loco de variáveis meteorológicas como a precipitação e temperaturas máximas e mínimas. No entanto, para muitas áreas do Brasil, a distribuição espacial de estações é escassa. Para tanto, pode-se utilizar diversas fontes de dados provenientes de análises gradeadas. Neste trabalho, o objetivo é avaliar a tendência de índices de extremos de temperaturas no período 1980-2013 no Estado da Paraíba a partir de séries temporais extraídas para cada um dos 223 municípios, da análise gradeada descrita por Xavier et al., (2016), com resolução espacial de 0,25° x 0,25°. Os índices utilizados para a temperatura máxima foram TXX, TNX, TX10P, TX90P, que relacionam os maiores e menores valores anuais da variável, assim como o número de ocorrências diárias em que a variável superou os percentis 10 e 90 da distribuição climatológica. Analogamente para a temperatura mínima, foram obtidos os índices TXN, TNN, TN10P e TN90P. Foram obtidos ainda os índices WSDI e CSDI, responsáveis por caracterizar ondas de calor e de frio, e DTR, que caracteriza a amplitude térmica diária a partir da diferença de temperaturas máximas e mínimas. A significância estatística das tendências foi obtida a partir do teste t-student para valores iguais ou superiores ao nível de 95% de confiança. O Estado da Paraíba possui quatro grandes mesorregiões segundo classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): a mesorregião do sertão paraibano; a mesorregião da borborema, que envolve as microrregiões conhecida como cariri e seridó; a mesorregião do agreste, que envolve também as microrregiões do curimataú e brejo; e a mesorregião da zona da mata, que abrange municípios do litoral sul e norte do Estado. Os índices TXX, TX90P, WSDI e DTR apresentaram tendências positivas e estatisticamente significativas nas mesorregiões da borborema e sertão, e negativas no agreste e zona da mata, com significância estatística predominante em municípios do agreste. O índice TXN corrobora as tendências observadas em TXX, porém com dois núcleos de extrema significância estatística bem pronunciados no agreste, de tendências negativas, e em parte do sertão, com tendências positivas. Para os índices TNX e TNN, chama a atenção a manutenção das tendências negativas em áreas do agreste, mas também em partes do sertão e borborema para TNN. Os índices percentílicos possuem características opostas em cada extremo, o que se observa para o índice do percentil 90 geralmente é o oposto ao observado para o percentil 10, mais evidente para as temperaturas máximas do que para as temperaturas mínimas. Para estes índices nota-se a tendência de aumento de casos onde as temperaturas superaram o percentil 90 nas mesorregiões do sertão e borborema e a tendência negativa no agreste, com a faixa litorânea apresentando variações entre seus extremos norte e sul. O índice CSDI apresenta tendências com significância estatística apenas em municípios da zona da mata, negativas, já o WSDI segue comportamento muito similar aos dos índices TXX e TX90p, com muitos municípios do sertão e borborema apresentando tendência positivas estatisticamente significativas, agreste com tendência negativas igualmente significativas, e zona da mata com tendências variáveis e sem significância estatística. Pode-se concluir, para esta fonte de dados e período estudado, que as mesorregiões do Estado da Paraíba apresentam mais indícios para aquecimento, observados na maior parte dos índices estudados, com aumento da duração de períodos quentes e diminuição de períodos mais frios.