As regiões semiáridas dos estados nordestinos são as que mais sofrem pelos baixos volumes de precipitação; no estado do Ceará é conhecido que nos últimos 5 anos houve um déficit de precipitação variando de 30 a 51% da média histórica. Em específico a região do Sertão Central cearense também vem sofrendo com a estiagem; a região faz parte da sub-bacia do rio Banabuiú, que contava com 2,7% da capacidade de seus reservatórios no ano de 2017. A gestão de recursos hídricos e o emprego de alternativas como o reúso de efluentes devem ser levadas em consideração, como instituído na política estadual de reúso de água não potável (Lei nº 16.033/2016). O reúso empregado na agricultura pode trazer benefícios na recuperação e economia de água e na redução ou eliminação da poluição ambiental, além de aproveitar o poder fertilizante dos efluentes, ricos em macro e micronutrientes. Nesse contexto, este trabalho objetiva propor um sistema de reúso agrícola com o efluente da estação de tratamento de esgoto (ETE) do Instituto Federal de Educação e Ciência e Tecnologia do Ceará, campus Quixadá, localizado no Sertão Central cearense, empregando o plantio da cultura de abacate (Persea americana). Na execução dessa pesquisa foi feita a caracterização da área, e verificação das necessidades das variações de abacateiro (Persea americana) quanto as condições climáticas, de precipitação e temperatura, além da tolerância da espécies e suas cultivares quanto a qualidade tempo de formação e maturação do fruto e o espaçamento entre indivíduos. Os valores das concentrações e variáveis afluentes na ETE, bem como a eficiência de remoção no sistema de tratamento empregado no campus (tanque séptico e filtro anaeróbio) foram considerados conforme literatura; a vazão de efluente foi calculada com base no número de alunos e no consumo per capita. O sistema de reúso do ponto de vista ambiental se mostra viável, garantindo que a demanda hídrica exigida pelo abacateiro (Persea americana) seja suprida sem interferir na potabilidade dos frutos que não entrarão em contato diretamente com a água fornecida. Por ser uma cultura frutífera arbórea a irrigação do abacateiro com água de reúso é irrestrita, visto que, pelo emprego da técnica de sulcos o líquido não entrará em contato direto com fruto a ser colhido, portanto a qualidade do efluente não refletirá na potabilidade ou qualidade dos frutos. Dentre os cultivares de abacateiro mexicano, guatemalense e antilhano, o que mais se adequa as condições citadas anteriormente é o guatemalense; o espaçamento proposto é de 8 por 5 metros. O reúso contribui para o melhoramento do efluente que iria diretamente para o lençol freático, evitando a degradação da qualidade do recurso hídrico. Recomenda-se que haja o monitoramento da água utilizada no sistema de irrigação quinzenalmente, avaliando a qualidade desta, principalmente quanto a condutibilidade e alcalinidade.