O presente artigo traz um recorte do projeto de pesquisa já finalizado do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN), voltado ao estudo da sustentabilidade de agroecossistemas familiares. A pesquisa nos agroecossistemas de base familiar vem utilizando, há algum tempo, modelos com indicadores de sustentabilidade que contemplam as dimensões ambiental, social e econômica para mensurar a agricultura familiar. Tendo como objetivo norteado da pesquisa avaliar a sustentabilidade dos agroecossistemas familiares do cultivo de abacaxi, irrigados versus sequeiro mediante aplicação do Marco para a Avaliação de Sistemas de Manejo de Recursos Naturais Incorporando Indicadores de Sustentabilidade (MESMIS), no município de Touros - RN. Para atender uma demanda crescente no entendimento da realidade local surgem programas e projetos concebidos com base nos indicadores de sustentabilidade em agroecossistemas de base familiar. A metodologia utilizada baseou-se no MESMIS. As ferramentas metodológicas de coleta de dados usadas foram: entrevistas semiestruturadas e observação direta com a colaboração dos atores sociais de cada agroecossistema estudado. Os resultados e discussão demonstraram que no Rio Grande do Norte, existem 71.210 estabelecimentos de base familiar, os quais correspondem a 86% das unidades agrícolas do estado. As unidades familiares são responsáveis pela ocupação de 33% da área dos estabelecimentos agrícolas e detêm 77% das pessoas ocupadas no meio rural (BRASIL,2018). Prestando-se aos interesses dos latifundiários, a revolução verde reafirmou a dominação político-econômica da cultura agrícola importada dos tempos coloniais no Brasil. Distante da mitigação das desigualdades, a mecanização expulsou trabalhadores inaptos na lida com as novas ferramentas e destituiu do cenário econômico, em grande parte, a agricultura familiar. Desse entrave, foram impulsionados os movimentos de luta pela terra1 – Confederação Nacional de Trabalhadores na Agricultura (CONTAG), Movimento dos Sem Terra (MST), Movimento de Libertação Social da Terra (MLST). E por fim os resultados adquiridos evidenciaram maior sustentabilidade nos agroecossistemas irrigados, ficando abaixo, considerado o ideal, contudo são mais sustentáveis que os agroecossistemas de sequeiro, com o grau de sustentabilidade de 1,7. Essa diferenciação decorre pelo fato de nos agroecossistemas irrigados estarem sendo incrementados avanços nos indicadores sociais e econômicos oriundos da implementação no monocultivo do abacaxi, enquanto nos agroecossistemas de sequeiro os resultados apontam fragilidades nos referidos indicadores, contudo é perceptível, por parte dos seus agricultores o desejo da adoção das técnicas de irrigação como garantia para avanços sociais e econômicos. Considerações finais, O estudo evidenciou a existência de maior sustentabilidade econômica e social nos agroecossistemas que utilizam técnicas de irrigação em relação aos agroecossistemas sob a condição de sequeiro, bem como revelou uma uniformidade entre eles, em relação ao índice de sustentabilidade ambiental. Na análise dessa constatação foi possível perceber, por meio da implementação de técnicas de irrigação que os bons resultados econômicos são conseguidos seguidamente e com repercussão direta nos avanços do social. Essa relação resulta de que o econômico é determinante nas conquistas dos agricultores familiares, promovendo mudanças no âmbito do social, contudo diante de um conjunto diverso de fatores, a exemplo, cultura existente no ambiente rural onde predomina o sentimento de acomodação e contentamento com o que possuem indiferença em relação às formas de gerenciamento, satisfação com as condições de moradia, constatou-se na percepção de alguns agricultores de uma passividade diante dos fatos mantendo-os acomodados. A dimensão ambiental apresentou um índice de sustentabilidade numa situação de transitoriedade para ambos agroecossistemas, demonstrando a necessidade de monitoramento continuado dos indicadores que compõem a referida dimensão nos respectivos atributos estabilidade, adaptabilidade, eficiência e resiliência, pois um desequilíbrio em torno do ambiental comprometerá a continuidade dos avanços econômicos e sociais já identificados.