O foco principal deste estudo está na apresentação dos efeitos da implantação de um Empreendimento Hidrelétrico, também conhecido na Amazônia como Grandes Projetos, em um território com potencial hídrico que enfrenta a problemática da ausência do fornecimento energético, impedindo o desenvolvimento sustentável, o crescimento econômico e a superação de percalços em viver na escuridão “nas trevas”.As crises geradas, são (in)sustentáveis, criadas com o discurso de levar à lugares isolados geograficamente, o tão sonhado desenvolvimento, mas as discrepâncias na prática são enganosas e manipuladoras, gerando um cenário de implantação com dois lados antagônicos, sendo um da exploração das riquezas naturais e produção energética para atender o sistema capitalista em escala global e do outro uma comunidade, que sofre as mazelas da dependência dos detentores do poder, que sem conhecimento sobre seus direitos, não possuem autonomia, protagonismo em lutar para que as medidas compensatórias sejam implantadas em prol do coletivo e assim manterem acesa a esperança de dias melhores.A Usina Hidrelétrica (UHE) de Santo Antônio do Jari, tem aportada em sua trajetória a introdução de técnicas e tecnologias do capital, demarcando consequentemente a produção de novos territórios na Comunidade Tradicional do Iratapuru, repercutindo dilemas que comprometem as potencialidades hidroelétricas do Amapá e geram não energia limpa que atenderia aos Relatórios Mundiais, a exemplo de Brundtland (1987), mas as crises energéticas para os menos favorecidos.Ressalta-se que neste objeto de estudo, assim como a maioria dos Grandes Projetos instalados na Amazônia, empreendimentos capitalistas, a marca principal é a exploração das riquezas, impondo novos limites geográficos e culturais, o que compromete diretamente na vida das pessoas, que já afetadas socioeconômico e ambientalmente, tem suas tradições desfeitas, transformando os modos de vida, contribuindo com a permanência da invisibilidade.Comprovou-se pelos relatos e experiências, que os EIA e RIMAS camuflam os verdadeiros efeitos ambientais, pois são documentos superficiais e frágeis, que burlam as premissas impostas pela legislação ambiental, repercutindo em represamentos criminosos à fauna e flora, a exemplo das áreas de reservas florestais, a alteração proposital do curso de água, que impacta a economia, e neste estudo o que mais foi citado nos grupos focais e história oral, que o maior prejuízo para os moradores, foram as interferências no território, pois implantaram moradias sem nenhum elo com o rio e a floresta.Dentre os resultados esperados e obtidos, conclui-se que as formas diferentes de ocupação da comunidade tradicional do Iratapuru, efetivamente corroboraram com o aumento das desigualdades no território explorado, gerando um antagonismo existencial entre os “intrusos” mercados capitalistas, com as técnicas e tecnologias implantadas e do outro os povos e comunidades da floresta, perdendo o território identitário denominado, onde pulsam o modo de vida ribeiro, caboclo, tradicional, com peculiaridades próprias sobre a cultura, economia, política, bens materiais e imateriais, por vezes são invisíveis aos olhos dos “desatentos”.