A problemática abordada nesse trabalho está inserida na exploração sustentável dos recursos minerais do Estado da Paraíba e, do ponto de vista, técnico-ambiental, demonstrar a importância de se investir na extração de ouro, oriundo de minérios encontrados no Município de Princesa Isabel e entorno. A forma arcaica e ultrapassada utilizada por garimpeiros para extrair o ouro, atualmente naquela área, coloca em risco a saúde de todos da região e promove grandes impactos ambientais, haja vista que o uso de substâncias tóxicas e cancerígenas, como chumbo e cianeto são realizados por pessoas despreparadas. O ouro paraibano, localizado nos municípios de Princesa Isabel, São José de Princesa e Manaíra (num único veio) está contido primeiramente nos interstícios dos cristais de pirita e depois, recristalizado nos espaços vazios intercristais, nas fraturas do quartzo e da própria pirita e em cavidades [1]. Os processos industriais de recuperação de ouro, em sua quase totalidade, utilizam a reação de cianetação no tratamento de minérios de baixos teores, concentrados ou calcinados. Esta rota apresenta, entretanto, alguns inconvenientes que justificam pesquisas, em várias partes do mundo, de processos alternativos para lixiviação de metais nobres e, uma delas tem despertado um grande interesse por parte por parte dos pesquisadores: a lixiviação com tiouréia [(NH₂)₂CS], que consegue complexar o ouro com uma velocidade em torno de 10 vezes maior do que com cianeto [2] .Nesse sentido, o trabalho tem como objetivo principal aplicar a lixiviação aos resíduos auríferos paraibanos da região de Princesa Isabel, visando a obtenção de um licor que contenha o máximo teor de íons Au+1 ou Au+3, pronto para ser recuperado eletroliticamente, isento de metais concorrentes e/ou de contaminantes (metais pesados, etc.). As condições para os ensaios de lixiviação utilizados nesse trabalho foram: i) preparação da amostra mineral, com etapas de moagem, peneiramento, classificação e quarteamento. O tamanho máximo de partícula escolhido foi de #200. Variou-se a porcentagem de sólidos da polpa (30, 35 e 40%); ii) o reagente usado como lixiviante é tiouréia P.A. da marca DINÂMICA 99%, 2% m/m, com o pH da solução em torno de 2,0 (lixiviação ácida); iii) foi utilizado como reagente oxidante do ouro o sulfato férrico amoniacal dodecaidratado, [Fe(NH4)(SO4)2∙12H2O] da marca DINÂMICA 99%. A concentração, de íons Fe+3, foi de 5g/L; iv) a agitação do lixiviante da amostra triturada é efetuada em agitador rotacional do tipo end-over-end e v) o período total do ensaio é de 12 horas e, alíquotas foram coletadas nos intervalos de 2,5; 5,0; 7,5; 10,0; e 12,0 horas, passando por filtração, realizada com fibra de vidro a base de boro silicato 0,6 a 0,8 μm (ABNT NBR 10.005, 2004) e centrifugação. Nos ensaios de lixiviação Os ensaios foram realizados à temperatura ambiente e pressão autógena. Os teores dos rejeitos auríferos dessa região apesar de aparentemente baixos, com média de 2,0 g/ton, estão ainda situados em uma faixa de valores ao nível de algumas minas atualmente produtivas no Brasil, portanto, interessantes para a recuperação. Os resultados preliminares, via Espectroscopia de Absorção Atômica (AAS), indicam que, quanto maior a concentração de sólidos, a porcentagem de ouro extraído diminui, com o mesmo tempo de lixiviação. Quando se compara diferentes tempos de lixiviação com % sólidos iguais, verifica-se o alcance de maiores extrações. Conclui-se que os resultados de extração de Au+n, onde n = 1 ou 3, sinalizam que foi possível atingir, no máximo, 73% do ouro contido na amostra, consumindo-se tiouréia na ordem de 2% da massa do minério. A lixiviação não-cianídica, portanto, se mostrou promissora, do ponto de vista da extração do ouro.