As áreas de vegetação remanescente (AVR) são fundamentais no processo de manutenção da qualidade ambiental, pois permitem conservar os componentes bióticos e abióticos dos ecossistemas, garantindo principalmente a manutenção das relações ecológicas e os processos de resiliência do ambiente. Entretanto, pelo uso exploratório dos recursos naturais, a manutenção dessas áreas tem se tornado fortemente ameaçada, restrita à apenas a áreas de cumprimento legal, e ainda configurando a fragmentação dos ambientes. No território da Caatinga, a permanência e manutenção da vegetação em pé é ainda mais desafiador, visto que o comportamento natural peculiar da Floresta Nativa de Caatinga deturpa a projeção comum de áreas ainda florestadas, pois são caracteristicamente esparsas, caducifólias predominantemente, mais vulneráveis ao fogo, e biomassa mais restrita, levando a um desencadeamento histórico de exploração sem compensação qualitativa e quantitativa das áreas de reposição. Assim, o reconhecimento das AVR da Caatinga e o monitoramento da conservação dessas áreas repercute na manutenção efetiva da qualidade ambiental, manutenção da biodiversidade e zona de recarga hídrica, além da conservação de espécies que mantém os ciclos de exploração pelo extrativismo. Diante disso, o objetivo desse trabalho é a construção de uma plataforma de monitoramento de AVR da Caatinga, com vistas na manutenção da qualidade ambiental de áreas testemunhas da biodiversidade do semiárido brasileiro e em zonas de transição. Como método de construção da plataforma serão necessárias três etapas: levantamento de áreas remanescentes de Caatinga (dados geoespaciais, imagens, cartas), submissão a plataforma via alimentação do banco de dados e disposição de camadas para habilitação dos dados. A plataforma será construída utilizando como base a ferramenta GEONODE, na qual será alimentada por dados geoespaciais de catalogação de áreas remanescentes de vegetação nativa. Como delimitação territorial será utilizado o critério discriminado pelo mapeamento publicado pelo IBGE (2014). O sistema Caatinga em Pé será formado por diversas camadas capazes de gerar produtos de fácil acesso ao meio acadêmico e técnico-profissional, com demonstrativos capazes de subsidiar uma avaliação qualitativa e quantitativa da manutenção das áreas testemunhas de Caatinga. Os dados que alimentarão a plataforma contemplarão informações sobre nível de cobertura da vegetação, fitofisionomias presentes, grau de adensamento, diferenciação de estrato e estimativas de biomassa vegetal em pé. Além disso, os dados estarão associados a localização quanto a geomorfologia e cobertura de solos. Espera-se que a plataforma possa contribuir no reconhecimento das zonas de integração entre AVR e as áreas obrigatoriamente protegidas pelo Código Florestal brasileiro, facilitando o processo de delimitação de zonas mais viáveis à supressão vegetal e exploração. Almeja-se ainda que o reconhecimento, a catalogação e monitoramento dessas áreas possibilite a criação de um banco de zonas de disponibilidade para uso e exploração sustentável da Caatinga, para servidão florestal, assim como para crédito de reposição florestal e planos de manejo florestal para exploração regular da madeira. Ressalta-se ainda, a possibilidade de uso dessas áreas para conservação do banco de sementes de espécies endêmicas das áreas de Caatinga, com reconhecido papel ecológico e social, assim como preservar efetivamente espécies ainda não catalogadas.