Introdução: A diversidade da produção de modos de vida se dá como produção de territórios, numa dinâmica que implica a interação entre pessoas e ambientes, e mediada por aspectos políticos, sociais, econômicos, culturais e subjetivos, que colocam em tensão elementos de apropriação e de dominação diversos. O contexto do semiárido, que abarca a maior parte da região Nordeste, é atravessado pelo fenômeno socioambiental da seca, mas também pela diversidade social, ambiental e cultural. Objetivo: Este ensaio pretende evidenciar as possibilidades de participação da Psicologia Ambiental nos estudos sobre contextos rurais, mais especificamente sobre o fenômeno da seca e sua dinâmica territorial, destacando os principais conceitos e debates realizados acerca dos aspectos psicossociais implicados. Metodologia: Para desenvolver esse trabalho, optou-se pelo método de pesquisa bibliográfica de cunho narrativo. Este tipo de pesquisa difere da pesquisa bibliográfica sistemática por não estruturar as buscas com critérios objetivos anteriores (BOTELHO; CUNHA; MACEDO, 2011). Assim, o método da pesquisa bibliográfica narrativa tem caráter exploratório e apoia-se na análise qualitativa das fontes de referência, dependendo, neste caso, dos conhecimentos acumulados pelo pesquisador que seleciona o material encontrado. Resultados e Discussão: De modo hegemônico, a Psicologia tem voltado sua atenção para aspectos da experiência humana nas cidades. Porém, a interiorização da profissão no país tem possibilitado que esses profissionais entrem em cidades de pequeno e médio porte, que se aproximam de uma realidade periurbana (SILVA; TASSARA, 2014), próxima geográfica e ideologicamente da rural (LEITE et al., 2013; SILVA; MACEDO, 2017). No contexto de disputa dos hidroterritórios do semiárido (PIRES; FERREIRA, 2012; TORRES; VIANNA, 2008), evidencia-se que esta dominação é exercida por uma pequena parcela da população, acelerando, assim, “o processo de alienação dos espaços e dos homens” (SANTOS, 1998, p. 18). Para além de suas características físicas, o ambiente é impregnado de significados socioculturais e pessoais. Trata-se, então, de considerar que os diferentes modos de viver são também diferentes modos de produzir, habitar e significar os espaços. Nesse sentido, as disputas pelos territórios vão além da questão do domínio espacial; mesmo que de forma indireta, disputam-se possibilidades de modos de vida; possibilidades de humanidade. Considerações finais: Pode-se constatar, cada vez mais, a heterogeneidade do semiárido brasileiro, o que torna ainda mais pertinente o estudo das relações pessoa-ambiente e seus modos de vida nessas localidades. As contribuições da Psicologia Ambiental para o debate e estudo do tema visam suprir a escassez de estudos sobre contextos rurais, visto que a ciência psicológica, assim como outras ciências, tem priorizado o estudo de fenômenos urbanos. Além disso, a leitura do espaço geográfico a partir da categoria território contribui com os estudos das relações pessoa-ambiente por trazer os atravessamentos da dimensão política, econômica e cultural, o que implica abarcar a totalidade dos fenômenos.