Nas comunidades vegetais, as plantas podem interagir de maneira positiva, negativa ou neutra (Pires e Oliveira, 2011). De acordo com Rice (1984), a alelopatia ocorre quando um organismo libera substâncias químicas que podem inibir ou estimular o crescimento e, ou, desenvolvimento de outro indivíduo no mesmo ambiente. A Moringa pertence à família das Moringaceae, nativa da Índia, tem se adaptado muito bem no semiárido brasileiro (Souto et al., 2015). Segundo Souto et al. (2015) devido à essa adaptação é possível expandir o cultivo da moringa por práticas agroflorestais. A Moringa (Moringa oleifera Lam.) apresenta excelente potencial para uso na alimentação humana, animal, indústria de cosméticos, tratamento de água, produção de biodiesel, entre outros (Yasmeen et al., 2013). Segundo Lorenzi (1992), a aroeira-do-sertão (Myracrodruon urundeuva Fr. All.), pertencente à família Anacardiaceae, possui uma madeira de qualidade com grande resistência mecânica, alta densidade e durabilidade. De acordo com Viana et al. (1995), essa espécie possui também uso terapêutico no Nordeste do Brasil, usando popularmente a entrecasca na forma de extratos, como, por exemplo, antiinflamatório e cicatrizantes para várias afecções. Devido à importância econômica das duas espécies objetivou-se avaliar se ocorreria alguma interferência na germinação e no desenvolvimento de ambas em caso de implantação das espécies associadas na forma de sistemas agroflorestais, visando analisar possíveis resultados em relação à viabilidade do processo e qualidade do produto final. Sendo assim, o presente trabalho tem como objetivo observar se há influência alelopática do extrato aquoso das folhas de moringa (Moringa oleifera Lam.) na germinação da aroeira-do-sertão (Myracrodruon urundeuva Fr. All.), podendo fazer associações em sistemas agroflorestais caso a influência benéfica seja positiva. O experimento foi conduzido no laboratório de Sementes Florestais, do Departamento de Ciências florestais, na Universidade Federal Rural de Pernambuco. O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado com 4 tratamentos e 4 repetições, sendo 25 sementes por repetição, totalizando 400 sementes. Foram utilizados os tratamentos nas concentrações a 0, 25, 50 e 100% do extrato aquoso da folha de moringa, sendo o extrato 0% constituído apenas por água destilada. As sementes de aroeira-do-sertão foram colocadas para germinar em caixas transparentes (gerbox), deixadas em germinador do tipo BOD (Biochemical Oxigen Demand) a 30°C e fotoperíodo de 12 horas. A adição da água destilada e de extratos foi feita a cada 48 horas, sendo trocado os substratos para não alterar as concentrações. Foram consideradas as sementes germinadas que apresentavam radícula e folíolos. A contagem iniciou-se no 3º dia após semeadura, sendo as variáveis analisadas: Porcentagem de germinação e Índice de velocidade de germinação. Nos resultados obtidos não houve diferença estatística para a porcentagem de germinação, sendo o tratamento 4 apresentando a menor porcentagem e os tratamentos 1 e 2, com quantidade de sementes germinadas iguais, apresentando as maiores porcentagens e com isso as maiores médias, sendo observado o sentido decrescente à medida que se aumenta as concentrações dos tratamentos. Para o IVG também não houve diferença estatística, sendo o tratamento 4 com a menor velocidade de germinação e o tratamento 1 de maior velocidade, sendo o tratamento 1 apresentando maior média. Na análise do IVG também foi observado um sentido decrescente comparando os quatro tratamentos. Baseado nos dados obtidos conclui-se que os tratamentos utilizando o extrato aquoso das folhas da Moringa oleifera Lam. não apresentaram efeito alelopático na germinação da Myracrodruon urundeuva Fr. All, pois as variáveis analisadas não obtiveram diferença estatística.