Artigo Anais CONADIS

ANAIS de Evento

ISSN: 2526-186X

CORRELAÇÃO ENTRE AS SECAS E AS PERDAS NA AGRICULTURA DE SEQUEIRO NO SEMIÁRIDO NORDESTINO

Palavra-chaves: CORRELAÇÃO, SECA, AGRICULTURA DE SEQUEIRO, SEMIÁRIDO Comunicação Oral (CO) AT18 - Desertificação e mudanças climáticas em terras secas
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Publicado em 07 de dezembro de 2018

Resumo

A variabilidade climática com distribuição irregular de chuvas é uma característica da região semiárida do Brasil que provoca quebra de safras nos anos de secas. A agricultura de sequeiro e a pecuária são as atividades mais atingidas pelas secas que ocorrem periodicamente. Para se ter ideia das perdas sofridas por estas atividades, entre 2002 e 2015 a participação da agropecuária no valor adicionado bruto caiu de 10% para 6% na composição do PIB da região Nordeste. Este estudo visa identificar o grau de influência da variação das precipitações sobre a quantidade produzida e a produtividade do feijão e do milho na região semiárida dos oito estados no Nordeste. Para calcular a correlação entre o volume acumulado de chuvas de janeiro a junho, período chuvoso nas diferentes faixas de semiárido, e a variação de produção e produtividade foi empregado o coeficiente de correlação de Pearson disponível no programa Excel. Foram utilizados os dados de precipitação de estações meteorológicas das agências estaduais (Emparn, Funceme, AESA, APAC) e o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) de 2000 a 2012 e dados do satélite Global Satellite Mapping of Precipitation (GSMaP) da agência japonesa Jaxa nos mesmos meses entre 2013 e 2016, bem como as informações de produção e produtividade da Pesquisa Agrícola Municipal do IBGE entre 2000 e 2016. Os resultados mostram que na maioria dos estados do Nordeste há um crescimento da produção na medida em que o volume de chuva aumenta. Observa-se que os maiores volumes de produção ocorrem entre 600 a 900 mm. Entretanto, em 2004 houve chuvas intensas nos estados de Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e norte da Bahia, onde foi registrada uma média de 400 mm somente em janeiro, o triplo da média histórica, e pouca chuva em abril, o que levou a produção menor que nos anos que tiveram distribuição regular de chuvas nos quatro meses de cultivo do feijão e do milho. Ambas as culturas apresentam variação da produtividade em decorrência do volume de chuvas no período na maioria dos estados do Nordeste, com exceção de Sergipe. Vale destacar que a cultura do milho apresenta as maiores oscilações de produtividade. A redução da produtividade pode ser observada nos anos de 2001, 2005, 2007, 2010 e 2012 que tiveram médias pluviométricas mais baixas. Na maioria dos estados teve um coeficiente de correlação em torno de 0,6, mas no caso do Rio Grande do Norte o coeficiente para o milho foi de 0,8 e da Bahia de 0,7 para o feijão. O coeficiente de correlação da precipitação com a produção apresenta valores um pouco maiores que o coeficiente da precipitação com a produtividade nos estados de Alagoas, Ceará, Pernambuco e Rio Grande do Norte. Isto se deve à diminuição da área plantada nos anos de seca, comparado a 2011 que foi um ano com volume de precipitação favorável. Houve redução da área plantada do feijão de 1,8 para 1 milhão de ha e de 2,2 para 1,3 milhões do milho entre 2011 e 2013 e permaneceu abaixo da área plantada de 2011 nos anos subsequentes. Conclui-se que a variabilidade da precipitação exerce uma influência significativa sobre o volume de produção de milho e feijão, sendo que as perdas de safras de milho são maiores. Somente no caso do Ceará houve perda de uma tonelada por hectare de milho comparando anos chuvosos com anos de seca. Neste sentido, existe uma correlação entre precipitação e produção agrícola na maioria dos estados pesquisados, com exceção de Sergipe que teve mais dias com precipitação que o restante dos estados, não sendo afetado pela seca na mesma intensidade.

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