Resumo: O cultivo in vitro de plantas, por meio dos protocolos de conservação in vitro, tem se constituído uma alternativa valiosa para garantir a conservação de espécies ameaçadas pela ação antrópica e que apresentem relevante potencial de uso, como os Melocactus. O gênero Melocactus inclui cactos globosos, com espinhos longos e duros, e que desenvolvem, na fase adulta, uma estrutura de reprodução chamada cefálio. Contudo, em decorrência do extrativismo, as populações desta espécie, assim como de outras cactáceas, têm sido drasticamente afetadas, sendo algumas já consideradas amaeçadas de extinção. O presente trabalho teve por objetivo desenvolver protocolos de germinação in vitro e de desenvolvimento inicial de Melocactus cf. zehntneri, Melocactus concinnus x Melocactus paucispinus, Melocactus inconcinnus e Melocactus glaucescens sob agente desinfectante e diferentes concentrações de sacarose no meio de cultura. Os experimentos foram conduzidos no Laboratório de Cultivo in vitro de Plantas (LaCIP), localizado na Estação Experimental do Instituto Nacional do Semiárido, em Campina Grande/PB. Foram coletados e utilizados frutos de Melocactus cf. zehntneri, Melocactus concinnus x Melocactus paucispinus, Melocactus inconcinnus e Melocactus glaucescens mantidos no Cactário Guimarães Duque (Insa, Campina Grande/PB). As sementes foram extraídas do fruto, lavadas e submetidas ao procedimento de desinfestação em câmera de fluxo laminar utilizando-se de álcool 70% (v/v) durante 1 min e hipoclorito de sódio durante 15 min, acrescido de 1 mL do agente surfactante Tween 20®. Em seguida, foi realizada uma tríplice lavagem em água esterilizada. Posteriormente, em câmara de fluxo laminar, as sementes foram inoculadas em meio de cultura. As sementes foram inoculadas em frascos contendo meio de cultura CK (composto por 0,84 g L-1 de Calcinit e 0,742 g L-1 de Kristalon, em substituição aos macros e micronutrientes). Ao meio foi acrescido de vitaminas (1 mL L-1), diferentes concentrações de sacarose (30 g L--1, 20 g L-1, 10g L-1), inositol (100 mg L-1) e gelificados com ágar (6 g L-1), sendo o pH ajustado para 5,8 antes da autoclavagem. Os cultivos foram mantidos em sala de crescimento, com temperatura de 25 + 2 °C e fotoperíodo de 16 h de luz, sob iluminação fluorescente. Após 40 dias, foram contabilizados os índices de contaminação e a taxa de explantes responsivos. O tratamento de desinfestação com hipoclorito de sódio a 5%, aplicado em todas as espécies de cactáceas utilizadas neste trabalho foi satisfatório, porém ainda ocorreu contaminação em todos os tratamentos, sendo melhor assim, avaliar outras concentrações e/ou outras formas de assepsia. As altas taxas de germinação e o desenvolvimento completo das plantas obtidas nos tratamentos citados anteriormente demonstram que o meio simplificado CK pode ser utilizado nesta etapa de cultivo. As diferentes concentrações de sacarose utilizadas no meio de cultura durantes os processos, não alterou o desenvolvimento das plantas, no caso da germinação e crescimento inicial, podendo assim reduzir os custos de produção de mudas obtidas via cultura de tecidos.