Os inselbergues são montanhas monolíticas compostas de granito e gnaisse, que afloram abruptamente do solo, acima do plano circundante (POREMBSKI e BARTHLOTT 1997). Segundo Porembski (2002), as variações e delimitações ecológicas desses ambientes fazem dos mesmos, promissores locais para pesquisas sobre biodiversidade. Os inselbergues abrangem o Sudeste e o Nordeste brasileiro, apresentando uma importante representatividade na Caatinga (SALES-RODRIGUES, 2014).
Embora as plantas estejam sujeitas a um ambiente de condições extremas, os processos erosivos que sedimentam rocha, causados pelos mesmos fatores, dão condições para que os primeiros organismos (cianobactérias, liquens e algas) se desenvolvam, que por sua vez, condicionam um ambiente favorável para as rupícolas, e esse processo de sucessão ecológica é continuado até se formar um ecossistema mais complexo, com substrato e aclimatação propicia para que até arbustos e árvores consigam enraizar-se e desenvolver-se (TAKAHASI, 2010).
Esse trabalho tem o objetivo de analisar a importância ecológica das espécies arbóreas ocorrentes em um ambiente rupícola, o afloramento rochoso “Pelado”, como um estudo inicial, relacionado a diversidade ecossistêmica do próprio.
A área estudada localiza-se em um ambiente rochoso da Serra do Lima, situada no município de Patú, microrregião de Umarizal, mesorregião do Oeste Potiguar, a uma distância de 314 km da capital do estado, com de 319,1 km² de área. O clima do município é tropical chuvoso, com precipitação anual de aproximadamente 868 mm e com temperatura variando entre 28,1 °C e 36 °C (IDEMA, 2008). O período do estudo ocorreu entre fevereiro de 2018 e junho de 2018, durante o período de maior concentração das chuvas, através de caminhadas aleatórias perfazendo todos os locais acessíveis da face rochosa do “Pelado” (uma área de 15,22 ha), registrando as espécies arbóreas encontradas nas “ilhas de vegetação”. No afloramento rochoso alvo desse estudo foi observada as seguintes espécies arbóreas: Commiphora leptophloeos (Burseraceae); Cochlospermum vitifolium (Bixaceae); Aspidosperma pyrifolium (Apocynaceae); Amburana cearensis (Fabaceae); Tocoyena formosa (Rubiaceae). Sendo o nível de substrato e declividade, fatores importantes para o enraizamento das árvores e seu consequente desenvolvimento (TAKAHASI, 2010), é totalmente possível o não desenvolvimento de arbóreas em inselbergues, como ocorreu no estudo de Gomes et al. (2011), no qual o afloramento rochoso em questão não mostrou um ambiente favorável para a instalação de espécies arbóreas, até o momento que foi estudado.
Embora as espécies de hábito herbáceo tenham sido predominantes, principalmente em pequenas “ilhas de vegetação” chamadas de “tanques rochosos rasos”, onde segundo Porembski et al.(1997) o solo é mais superficial. Nas ilhas de vegetação maiores, que surgem a partir de fissuras da rocha e formam solo mais profundo permitindo uma composição florística mais complexa, foi observado a formação de microclimas diferentes, nos quais as espécies arbóreas foram ativamente participativas, dando sombra e abrigo para as espécies menos tolerantes a insolação extrema dos ambientes rochosos, fato também observado por Conceição et al. (2007) em seu trabalho.
Observou-se nesse trabalho a importância ecológica que as plantas de hábito arbóreo representam para a diversidade de habitats em afloramentos rochosos. Embora sejam pontuadas em levantamentos florísticos, pouco é discutido sobre as interações ecológicas entre as árvores e outros hábitos vegetais, em ilhas de vegetação de inselbergues inseridos na Caatinga, além dos processos ecológicos e evolutivos que formam essas ilhas, logo estudos mais aprofundados são justificáveis.