O Planalto da Borborema estende-se por vários estados do nordeste do Brasil e está presente no centro-sul do estado do Rio Grande do Norte. Ele é uma unidade da paisagem que influencia no regime climático, na dispersão da drenagem, no tipo de vegetação associada ao semiárido e condiciona o uso e a ocupação da terra. Desse modo, o Planalto da Borborema é de grande relevância ambiental para o semiárido nordestino, sendo necessário caracterizá-lo como forma de contribuição para a gestão territorial. Neste trabalho a região natural é considerada como uma unidade da paisagem, que diferencia-se principalmente pelo relevo e geologia. Este estudo tem por objetivo caracterizar o Planalto da Borborema no estado Rio Grande do Norte, Brasil, considerando-o como uma região natural, enfocando seus elementos, interações, relações com as regiões naturais circunvizinhas e fragilidades. Para tanto, a metodologia baseou-se em pesquisa documental apoiada em publicações do RADAMBRASIL (1981) e nos autores Bertrand (2004), Nunes (2006), Cestaro et al. (2007), Côrrea (2010), Pivetta (2012) e Diniz e Oliveira (2018). Para elaboração dos mapas referentes ao Planalto da Borborema utilizou-se como base cartográfica os limites territoriais do IBGE (2017), para a delimitação do Planalto da Borborema o arquivo disponibilizado por Diniz e Oliveira (2018) e mapa apresentado em Côrrea (2010), e para espacializar a altimetria do Planalto da Borborema foi utilizada a imagem de radar da missão SRTM (Shuttle Radar Topography Mission), disponível no site do projeto TOPODATA do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), com resolução espacial de 30 metros. A reprojeção, recorte e classificação da altimetria, o georreferenciamento e vetorização do mapa de Corrêa (2010), alterações de estilo e rotulação das camadas vetoriais e raster, bem como a elaboração do layout dos mapas, foram feitos no software livre QGIS 2.18. Toda a base cartográfica foi padronizada no Sistema de Coordenadas Geográficas, datum SIRGAS 2000. Além disso, realizou uma pesquisa in loco para o Planalto da Borborema, em abril de 2016, para observação e caracterização dessa unidade de paisagem. Os resultados e discussão envolvem a caracterização dos elementos naturais focando nas interações e processos entre eles e as regiões naturais vizinhas, além da indicação das fragilidades da região natural, relacionando com as ações antrópicas. Verificou-se que o Planalto da Borborema influencia climaticamente nos sistemas vizinhos e é um importante dispersor de drenagem para as bacias hidrográficas do estado. Há também o transporte de sedimentos das áreas mais elevadas para a planície fluvial e lagunar e a depressão sertaneja, regiões naturais que interagem com o Planalto da Borborema. A atuação do clima e a presença de um substrato rochoso geram relevos acidentados, solos argilosos e pedregosos passíveis de erosão. A vegetação da Caatinga se caracteriza como um reflexo desse ambiente, adaptada às condições climáticas. Esse ambiente também sofre alterações pelas atividades antrópicas, com destaque para a mineração e desmatamento da caatinga, mas também condiciona suas ações, como é o caso da dificuldade de produção agrícola em larga escala e as potencialidades para o ecoturismo e extração mineral. Considera-se que a partir da visão geossistêmica proposta nesse estudo pode-se perceber as interações entre os elementos do ambiente, suas fragilidades e potencialidades, contribuindo para uma gestão ambiental mais sustentável.