O presente artigo discute de forma comparativa os conflitos referentes ao abastecimento de água, antes e durante o racionamento, de três municípios que pertencem ao Sistema Boqueirão. Esse sistema de abastecimento de água tem como manancial o Açude Epitácio Pessoa, que abastece mais de 2 milhões de pessoas, em mais de 18 municípios da Paraíba, dentre eles estão os municípios em estudo: Boqueirão, Campina Grande e Lagoa Seca. Objetiva identificar as mudanças ocorridas durante o período de racionamento, se houve algum tipo de privilégio no abastecimento de água de um município em detrimento de outros, por exemplo. A metodologia adotada foi de revisão bibliográfica, consulta a veículos de informação online e consulta a base de dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento – SNIS, com o levantamento de informações sobre: os investimentos totais realizados pelo prestador de serviços (R$/ano) nos municípios em estudo; tarifa média praticada (R$/m³); consumo médio per capita de água (l/hab./dia); e índice de perdas na distribuição (%). Consultou-se também a base de dados da AESA para compreender o processo de diminuição do volume de águas do açude Epitácio Pessoa, que conduziu para a situação de colapso anunciado, que foi evitado com a chegada das águas da Transposição do Rio São Francisco. Dessa forma, ao observar o consumo médio per capita de água dos três municípios no período em estudo, nota-se que, além da disparidade entre o consumo dos três municípios, a redução do consumo só teve início a partir do racionamento. Ou seja, mesmo com a problemática hídrica existente nos anos anteriores, não houve uma mudança espontânea nos hábitos e consumo da população de cada município. No entanto, deve-se levar em consideração a situação de vulnerabilidade do açude, que ainda não superou totalmente a pior seca da sua história, pois, mesmo com as águas da Transposição que ajudaram a elevar o seu volume, o açude está longe do seu volume máximo.