A problemática da desertificação são escassos os trabalhos referentes ao uso de essências florestais nativas, sobretudo aquelas aptas a desenvolverem-se em área com degradação à vista e que sejam úteis ao homem remanescente dessas terras. Também são escassos os trabalhos dessa natureza com o envolvimento dos agricultores que labutam nesses locais. Por isso é importante que pesquisas com esse fulcro sejam realizadas criando a possibilitando de replicação dos resultados para outras áreas. O objetivo desse trabalho foi avaliar o uso da faveleira, como estratégia de reabilitação produtiva e dos processos ecológicos de áreas sujeitas à desertificação (ASD). É uma xerófita endêmica da Caatinga, importante para as comunidades vegetais onde se encontra no entremeio pela resistência a semiaridez, por servir alimento e abrigo para a fauna, além do uso do caule, folhas, sementes, raízes nas atividades humanas. A área de plantio compreende uma clareira florestal situada em meio a Caatinga situada na localidade rural São Paulo/São José do Seridó/RN. Não constatou-se a presença do vegetal no entorno da área de plantio. Em março de 2009, foi realizado o plantio de 82 mudas em uma parcela localizada numa propriedade rural do município, em covas com 50 x 40 cm e espaçamento de 4 m x 4 m, sendo recolocado na cova o material retirado na escavação, tarefas realizadas com a participação dos agricultores proprietários da área, incluindo o uso dos seus equipamentos de trabalho. No entorno das plantas foi colocada uma camada de pedras para favorecer a interceptação de água e outras partículas transportadas pela água e pelo vento (incluindo sementes, folhas secas e partículas de rochas). As mudas foram fornecidas pela Secretaria de Meio Ambiente do município e contavam com oito meses de emergência. O plantio foi realizado na estação chuvosa, recebendo somente a água proveniente das chuvas do período. Não foi empregado nenhum tipo de insumo e a área de plantio se manteve sendo explorada com o pastoreio. Avaliou-se a taxa de sobrevivência, o crescimento em altura (para isso todas as plantas foram medidas no alto de plantio) e o povoamento do microssítio de plantio por espécies existentes na vizinhança. A avaliação realizada em abril de 2014, 65 plantas se encontravam vivas. A altura média verificada foi de 55 cm. Constatou-se o povoamento do microssítio no entorno das plantas por espécies permanentes (dois arbustos) e temporárias (11 herbáceas) verificadas na área florestada do entorno do sítio degradado. A pesquisa mostrou à viabilidade da favela na reabilitação de áreas em processo de desertificação pela resistência às intempéries climáticas e antrópicas e pelo baixo custo da técnica de plantio aplicada. Outro fato digno de registro é o consumo das folhas do vegetal pelos animais que pastejam na área após a desfolhamento ao final da estação chuvosa.