No presente texto buscamos sistematizar e analisar alguns diálogos resultantes de audiência pública promovida pela Câmara municipal de Cametá-Pa com o objetivo de abordar uma das principais atividades econômicas da Amazônia Tocantina, a pesca artesanal, discutindo os resultados de experiências de trabalho responsáveis pela ameaça de extinção e diminuição de algumas espécies de peixes como também entender que ações tem sido promovidas com o objetivo de minimizar os efeitos das práticas dos pescadores artesanais, aproveitando-se de seus saberes e buscando propostas para diminuir seus impactos. O evento reuniu entidades governamentais, representações de pescadores artesanais locais e município vizinhos, instituições de pesquisa e acadêmicas e de toda a sociedade civil organizada. Os resultados apontam para uma culpabilização e criminalização dos pescadores artesanais responsabilizando-os pela pesca predatória e punindo-os por formas de trabalho que resultam de exigência do mercado, bem como os tornando sujeitos responsáveis por impactos que foram originados pelo capital implantado na região através da Hidrelétrica de Tucuruí. Mostram também que os processos educativos por serem muito pontuais não são suficientes para conter a pesca predatória que desarticuladas de políticas públicas como falta de incentivos às iniciativas de produção geram poucas mudanças nas práticas desses pescadores e consequentemente em suas ações sobre a natureza. Diante disso, é preciso pensar esses processos educativos de forma contínua em parceria entre organizações associativas, escolas, instituições acadêmicas e de pesquisa, buscando o envolvimento de toda a sociedade em geral.