A discussão desse estudo se concentra na leitura das tensões geradas na relação tríade: educação, políticas afirmativas (cotas raciais e sociais) e processos identitários nas instituições públicas brasileiras de ensino superior. Duas universidades públicas nacionais foram escolhidas para ambientar nossa análise, a USP (Universidade de São Paulo) e a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Essas estão na lista das melhores universidades do mundo, segundo dados do CWUR – Centro de Rankings Universitários Mundiais. Diante da tarefa hercúlea de esgotar todos os limites de exploração analítica que essa complexa temática nos possibilita, analisaremos brevemente os conceitos de raça à luz de Schwarcz (1993, 2012), Sowell (1994) e Osório (2003) e elaboramos uma paralelo do contexto racial com os processos identitários brasileiros originários do IBGE tentando entender a forma pela qual as políticas afirmativas mencionadas se acomodam no cenário educacional. Ainda no contexto classificatório trazemos Morning (2000) com seu contributo de observância mundial. Por fim, para mais vislumbrar as tensões oriundas da tríade estudada temos os estudos de Braga (2010) e Santos (2011). É inegável que nossa temática é polêmica já que abordarmos um tema “por vezes” subjetivo (raça), todavia o aumento de 14.9% de brasileiros autodeclarados pretos na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua 2016 – novos demandantes de políticas afirmativas – bem como a recorrente divulgação de matérias jornalísticas sobre as tensões da ligação entre educação, ações afirmativas e processos identitários nos desafia a pensar mais uma vez esse tema e suas reais consequências para a sociedade cotista ou não.