Com o desenvolvimento do mundo digital e da conectividade surgiu um novo paradigma, uma sociedade baseada na utilização de ferramentas digitais em diversas situações. Inseridos nessa sociedade estão os nativos digitais que muitas vezes aprendem de maneira diferente. Nesse sentido, foi adotado o Ensino Híbrido em uma abordagem de Sala de Aula Invertida (SAI) na disciplina de Bioquímica. O desafio foi adotar uma prática que promovesse a integração das tecnologias em um contexto multifacetado da sala de aula do ensino superior e avalia-la quali-quantitativamente a partir de notas de campo do professor-pesquisador e dos dados obtidos por questionários de opinião. A amostra foi composta por 50 estudantes de 2 turmas de turnos diferentes (vespertino e noturno) do curso de Ciências Biológicas da UFRN. O modelo pedagógico para essa proposta seguiu uma sequência de eventos divididos em dois momentos: Momento individual (online) e Momento grupal (Sala de aula), para tanto foram adotados 7 conteúdos de bioquímica: aminoácidos e peptídeos; proteínas; hemoglobina; enzimas; cinética e inibição enzimática; vitaminas hidrossolúveis e carboidrato. Os demais conteúdos da disciplina foram abordados no modelo da Aula Expositiva (AE). Após a aplicação da proposta, 84% dos alunos da turma noturna afirmaram que a aprendizagem na SAI foi melhor que na AE. No entanto, essa porcentagem não foi observada na turma vespertina, onde apenas 36,7% dos alunos afirmaram que a aprendizagem foi melhor na SAI. Esse resultado direcionou a necessidade de uma reflexão sobre o que pode ter levado a uma percepção contrária entre as turmas, assim os questionários foram estratificados em Engajados (E), Parcialmente Engajados (PE) e Não Engajados (NE). Quando analisado apenas os alunos engajados, a percepção de que a SAI é melhor para o aprendizado do que AE eram semelhantes nas duas turmas, evidenciando que a percepção de melhoria de aprendizagem depende do seu engajamento no método. Para compreender essa divergência, também foi analisado o perfil de participação dos alunos engajados no momento presencial (atividades em grupos). Entre os alunos engajados, o perfil da maioria dos alunos foi ativa, com nenhuma citação para o perfil indiferente, mas quando se analisa os alunos NE, o perfil de observador é o mais citado, seguido do perfil indiferente. Essa diferença nos perfis pode influenciar no processo de aprendizagem colaborativa e com isso, contribuir para os alunos da turma vespertina terem uma percepção diferente. Esse baixo envolvimento no momento grupal parece ser específico dos alunos NE, pois quando os alunos engajados foram questionados sobre qual momento eles consideram de maior envolvimento, as atividades em grupo representam 65,4% das respostas, seguido do teste de aquecimento (11,5%). Os momentos de menor envolvimento foram respostas vazias (21,7%) e respostas que não se aplicam (21,7%), seguidas da videoaula (17,4%). Assim, evidencia-se que o engajamento do aluno é essencial e, por isso, o rompimento da inércia de um perfil passivo na aprendizagem exige do professor a identificação dos alunos resistentes, para assim realizar uma intervenção antecipada e efetiva nesses alunos com recursos que possam engajá-los e assim promover a aprendizagem.